sábado, 27 de junho de 2009

OBRAS DE ARTE EM SEIA - 8

António Ménagé Mota Veiga
Monumento à Liberdade

Nascido em Seia em 1960, António Jorge Ménagé Melo Mota Veiga é um dos artistas senenses menos visto em exposições. Tal como Maria Emília Gil (Castelo Bom, Guarda, 1956), por exemplo, Ménagé tem desenvolvido a sua actividade criativa no âmbito do ensino (sendo ambos Professores de Educação Visual) e familiar.

Os meus registos apontam-me apenas duas exposições de Ménagé em Seia, uma individual em 1996 (15 obras de pintura a acrílico, na sala de exposições da Biblioteca Municipal de Seia, entre 15 e 31 de Janeiro), e outra colectiva (duas obras, a óleo e técnica mista, na Exposição Nacional de Pintura/Prémio Tavares Correia, Salão dos Mombeiros Voluntários de Seia, 1993).

Ao tempo, o artista praticava uma pintura de estilo clássico mas optando por temas e conteúdos comunicativos com alguma carga humorística, um estilo que classificou como “hiper-realismo regional”.
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Em 1999, um projecto de sua autoria, o monumento à Liberdade, foi concretizado pelos alunos de Educação Tecnológica da Escola EB 2,3 Nº1 de Seia (actual EB 2, 3 Dr. Guilherme Correia de Carvalho), onde leccionava, e inaugurado em Junho de 1999 pelo Governador Civil da Guarda. Colocada no largo principal da escola, enquadrada por um pequeno lago, a estátua representava uma criança a voar no dorso de uma ave do paraíso. O monumento completava-se com uma placa na qual se lia:

“A liberdade de ensinar
O direito de aprender
O infinito por limite”

Presentemente, apenas existe parte do monumento, como se pode ver na fotografia abaixo, mas ele merece figurar todo inteiro e por direito próprio no roteiro das Artes em Seia.



Fontes
Porta da Estrela Nº 418 , 10/01/1996.
Jornal de Santa Marinha Nº 70, 16/01/1996.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

ANTÓNIO JÚLIO VAZ SARAIVA (J.V.S)

Exposição retrospectiva:
Cine-Teatro da Casa Municipal da Cultura, 3 a 5 de Julho 2009
Posto de Turismo de Seia, 6 a 31 de Julho de 2009 - Ver imagens desta exposição
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Foi recentemente divulgada a lista de personalidades do concelho a distinguir no dia 03 de Julho, Dia do Município de Seia, com a Campânula de Mérito Municipal. Entre as 22 personalidades da cultura, desenvolvimento social, indústria e desporto, figuram dois artistas: Maria Helena Pais de Abreu (Mérito Cultural) e António Júlio Vaz Saraiva (Mérito e Dedicação).

Helena Abreu vai receber, finalmente, uma distinção oficial da autarquia senense, sete anos após ter recebido o prémio “Senense no Exterior” na I Gala do Concelho de Seia, organizado pelo Jornal Notícias da Serra e Orfeão de Seia, em 29 de Junho de 2002.

Também já tardava o reconhecimento público (ver imagens) do trabalho diversificado de António Júlio Vaz Saraiva na valorização e promoção de Seia, onde nasceu a 09 de Maio de 1928. Terminou a sua vida profissional como chefe da secção de desenho da E.H.E.S.E. (Empresa Hidro-Eléctrica da Serra da Estrela), para onde entrou aos 16 anos como desenhador.

Desenhador e ilustrador com vasta obra dispersa, grande parte dela reproduzida em jornais locais, iniciou-se nas lides culturais ainda muito jovem, em 1946, fundando com o seu amigo Hermano Marques dos Santos (Seia, 1929) um semanário juvenil, “O Viriato” (Jornal do Centro Extra-Escolar Nº1, 1946), editado em papel heliográfico.


Hermano Marques dos Santos emigrou logo depois para África (Congo Belga, actual Zaire) e Júlio Vaz Saraiva entregou-se a outros desafios, a começar pela direcção artística de “A Voz dos Novos”, separata do jornal “A Voz da Serra”, publicada no início dos anos 50 do século XX.
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Em 1964, elaborou o Mapa Turístico da Serra da Estrela, para a Residência Serra da Estrela (então inaugurada em Seia, no edifício hoje ocupado pela Caixa de Crédito Agrícola).

Participou em algumas exposições colectivas de desenho e de fotografia, entre as quais a Exposição Nacional de Desenho/Prémio Tavares Correia/EPSE (Seia e Oliveira do Hospital, 1996) e na I e II Exposição Colectiva de Artistas Senenses (1999 e 2000).
Como fotógrafo amador, desde os anos 40, participou em vários concursos regionais e nacionais de fotografia. É também coleccionador, tendo reunido ao longo de décadas um vasto espólio fotográfico.
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O Património local é o tema principal dos seus desenhos, através dos quais evoca frequentemente a memória de recantos e lugares já desaparecidos, que o artista conheceu. Amante da sua terra natal, tem participado em diversos trabalhos de valorização e defesa do Património histórico de Seia e do concelho, colaborou na reconstrução do pelourinho de Loriga, em 1998, elaborando um projecto a partir da descrição do antigo pelourinho pelo Capitão Dr. António Dias, dos anos 50, e, com José Alberto Ferreira Matias, realizou o levantamento (medições e desenhos) de dois pequenos elementos do primitivo pelourinho de Seia (Porta da Estrela, 28-02-2006) que permitiram esclarecer as dúvidas sobre a sua forma original.
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Antiga cadeia de Seia - desenho de J.V.S.

Ilustrou obras do poeta de Seia, Fernando de Melo Sequeira Mendes (1925-2001), com destaque para os livros “Seia, Terra que Canto” (edição dos autores, 1994, e 2ª edição da Câmara M. de Seia, em 1995), “Raízes” (edição do autor, Julho de 1998), “Postais coloridos – Luís Ferreira Matias” (Câmara Municipal de Seia, 1996), selecção e organização de José Alberto Ferreira Matias e fotos de Eduardo Correia, “A Vila de Seia: subsídios históricos”, de Manuel da Mota Veiga Casal (edição do Clube de Pessoal da EDP-Seia, 1999), juntamente com José Alberto Ferreira Matias; 90º Aniversário da Fundação da EHESE – Empresa Hidroeléctrica da Serra da Estrela (Câmara Municipal de Seia, 1999), juntamente com Carlos Marrão dos Santos e Humberto Manuel Sena Mota Veiga, e para a rubrica “Figuras e Figurões”, publicada no Jornal de Santa Marinha nos anos 90, da qual resultou o livro “Figuras e Figurões” – 25 figuras senenses, tratadas em verso por Sequeira Mendes e caricaturadas por Júlio Vaz Saraiva (Seia, 1999).

Desenho de J.V.S para a capa de Seia, Terra que Canto

Em 1996, concebeu o painel de azulejos que envolvem a Fonte Nova, no início da avenida 1º de Maio, e assinou alguns cartoons em jornais senenses antigos e actuais (Voz da Serra, Jornal de Santa Marinha, Porta da Estrela), abordando (in)decisões controversas e outros temas da actualidade.

Projecto (1996) e foto do arranjo final da fonte

Coloriu uma gravura do pintor senense Lucas Marrão, que foi editada em serigrafia pela Câmara Municipal de Seia em 1997.

A litografia de Lucas Marrão colorida por J.V.S. (Edição CMS)

Tem colaborado com o Museu do Brinquedo de Seia, sendo o autor de um interessante desenho reconstituindo a zona da actual Praça da República antes do devastador incêndio de 27 de Outubro de 1916, editado pelo museu em formato postal – a propósito da exposição de Homenagem aos Bombeiros (2004). Ainda em 2004, editou o livro para colorir “A Minha Freguesia”, com 24 páginas de divulgação do património do concelho, uma obra que dedicou “a todos os jovens dos oito aos oitenta anos”. Eu acrescentaria “oitenta e muitos…” pois Júlio Vaz Saraiva, jovem de 81 anos, acaba de ver editado o seu álbum “Alminhas da Freguesia de Seia” (Junta de Freguesia de Seia, Junho de 2009) com prefácio de Júlio Rocha e Sousa.
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Retrato de Luís Ferreira Matias, por J.V.S

Fontes:
“Artistas Senenses – Júlio Vaz Saraiva”, Sérgio Reis, jornal Ecos da Nossa Escola, nº 7, Dezembro de 1999.
Porta da Estrela nº 385, 31/01/95;
“Ainda Os Viriatos e o jornal O Viriato”, de Hermano M. Santos, Jornal de Santa Marinha nº 123, 01 de Maio de 1998; “Histórias de Sena Serra” - Edição de autor, Março 2006, 327 pág.s – colectânea de crónicas publicadas no JSM desde Agosto de 1997 a 2004 e crónicas “A Partir Pedra”, publicadas na revista bimensal da Associação dos Industriais das Rochas Ornamentais;
Desdobrável da Exposição Temporária de Homenagem aos Bombeiros - Museu do Brinquedo de Seia, 2004.
Biblioteca Nacional de Portugal;
Jornal de Santa Marinha nº431, 18/06/2009 (Alminhas do Concelho de Seia);
Porta da Estrela nº865. 22 de Junho de 2009 (Mérito Municipal).
Porta da Estrela nº866, 30 de Junho de 2009.
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Jornal Ecos da Nossa Escola, Nº7, Dezembro de 1999
(clicar na imagem para ampliar)

segunda-feira, 22 de junho de 2009

4ª COLECTIVA DE PINTURA DE NELAS


Entre 19 e 24 de Junho, decorre a 4ª Colectiva de Pintura dos artistas do concelho de Nelas, iniciativa integrada nas Festas do Município.

A exposição reúne 47 obras de 27 artistas, que abordam temas consensuais da pintura, ao gosto popular, como a paisagem/património local, o retrato, pintura de flores e composições abstractas mais ou menos geométricas.

No conjunto de obras expostas, destacam-se: “Ladies”, de Elsa Neves; “Salvem o Planeta” e “A Fuga”, de Jorge Figueiredo; “Ponte da Felgueira”, de Jorge Pinheiro; “Ao Cair da Noite” e “3º Milénio”, de Paulo Cruz – pelo tratamento plástico do tema, originalidade e/ou diversidade técnica.

Destes quatro artistas, os trabalhos de Jorge Figueiredo, Jorge Pinheiro e Paulo Cruz parecem-me os mais coerentes, revelando um estilo individual e uma concepção muito própria da dimensão artística e sua interacção com o mundo em que vivemos.


Jorge Figueiredo, "A Fuga", técnica mista, 55X65 cm

Jorge Figueiredo utiliza a pintura tradicional como fundo, pedaços de plástico e restos de brinquedos para abordar um tema incontornável do nosso tempo: a poluição. Parece-me que obteria melhores resultados utilizando fundos não figurativos, com cores e/ou texturas pensados em função do impacto criado pela assemblage de objectos no primeiro plano.

Jorge Pinheiro prossegue a abordagem de temas regionais, paisagens e costumes, que retrata com grande minúcia. Outro pormenor distintivo de Jorge Pinheiro são as fartas manchas de verde com que emoldura o assunto central.
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Paulo Cruz, "Terceiro Milénio", óleo s/tela, 65X35 cm
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Paulo Cruz reinterpreta as cores das formas ao cair da noite, apostando em abordagens incomuns do pôr-do-sol para fundo e realçando os volumes com as mais diversas tonalidades de cor, sem receio de recorrer a manchas negras para enquadrar o elemento principal.

As Colectivas de Pintura dos artistas de Nelas realizam-se desde 2006, primeiro ano do mandato da Dr.ª Isaura Pedro na presidência da Câmara Municipal de Nelas, sucedendo aos Salões de Pintura, igualmente realizados em Junho na Praça do Município, mas com participação alargada a artistas convidados, nacionais e estrangeiros. Em 2005, realizou-se o 11º Salão Internacional de Pintura de Nelas.

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Capa do catálogo do 8º Salão de Pintura, 2002
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Nos pavilhões instalados na Praça do Município para as Festas do Município de 2009, que terminam a 24 de Junho (dia do Município), podem encontrar-se mais obras artísticas em exposição, inclusive três desenhos de Jorge Braga da Costa sobre monumentos do concelho.

De referir ainda que, no centro da Praça do Município, dominada pelo belo edifício da Câmara Municipal, pode ver-se uma escultura de Aureliano Lima, “O Grito”, com 4,30m de altura. Aureliano Lima nasceu em Carregal do Sal em 1916 e faleceu em 1984 em Vila Nova de Gaia.

Artistas participantes na 4ª Colectiva: Alexandra Henriques; Ana Moniz; Angélica Camacho; António Dias; Arlete Garcia; Bella da Sousa; Benjamim Pedro; Bi; Cardoso; Delfim Costa; Deo; Duarte; Elsa Neves; Fátima Sampaio; J. Gaspar; Jorge Figueiredo; Jorge Pinheiro; Jorge Santos; Lia Alvadia; Lucinda Teixeira; Nélida Cruz; Norma Monteiro; Orlando da Silva; Paulo Cruz; Pintto; Sofia Pereira; Vera Chaves.

domingo, 14 de junho de 2009

AMÍLCAR HENRIQUE (1979-1999)


Amílcar Henrique – a homenagem possível (1)

É infelizmente longa a lista de artistas portugueses que nos deixaram muito cedo, uns no auge da carreira (como Amadeo de Souza-Cardoso, Santa-Rita Pintor ou Pimenta Nunes) e outros ainda no final de uma prometedora aprendizagem artística, como sucedeu com Amílcar Henrique, que teria completado 21 anos no passado dia 8 de Março.
Amílcar Henrique Rodrigues Marques nasceu em 1979, em Oliveira do Hospital, mas mantinha uma forte ligação a Seia, onde deixou muitos amigos e grandes saudades. Residia desde criança em Nogueirinha, Meruje, onde frequentou a escola primária. Estudou depois em Oliveira do Hospital, até ao 9º ano, e em Aveiro, até ao 11º ano, onde descobriu novos horizontes e um novo conceito de luz, pois ali a luz natural rebrilha com a proximidade do mar. Voltou a Meruge para completar o 12º ano na Escola Secundária de Seia, mas já trazia no olhar a fixação dos grandes horizontes. A sua primeira obra, “O Farol de Aveiro”, pintada em 1995, mostra já essa enormidade de cor a que artista algum consegue ficar indiferente.

O jovem Amílcar começou a mostrar o seu trabalho com a humildade que caracteriza as almas maiores e os bons artistas. Em 1996, participa numa exposição colectiva na Biblioteca Municipal de Aveiro, certamente com as dúvidas próprias de quem mostra pela primeira vez o seu trabalho ao público. Continuou depois a participar noutras exposições colectivas: no restaurante-bar “Onde Quiseres” (Aveiro, 1997); Colectiva de Jovens Pintores (Biblioteca Municipal de Aveiro, 1997); Casa da Cultura de Oliveira do Hospital (1998); I Exposição Colectiva de Artistas Senenses (1999).

Amílcar Henrique, "Sensório", Óleo s/tela, 1999

A morte levou-o antes da tão almejada primeira exposição individual, primeiro marco da carreira de qualquer artista, e o Gabinete Cultural da Câmara Municipal de Seia decidiu, e muito bem, realizar esta exposição de homenagem, integrada na exposição de trabalhos dos artistas senenses. E retrospectiva, pois o que foi jamais poderá deixar de o ser, e por esta medida a História nunca se repete.”

(1) -Texto de Sérgio Reis publicado no desdobrável da exposição de homenagem integrada na II Exposição Colectiva dos Artistas Senenses – Galeria do Salão dos Congressos, 13 a 28 de Maio de 2000.





quarta-feira, 10 de junho de 2009

7 Maravilhas Portuguesas no Mundo


Na noite de 10 de Junho, no Portimão Arena, foram divulgadas as 7 Maravilhas Portuguesas no Mundo, de um total de 27 seleccionadas, e entregues os respectivos troféus aos representantes dos 5 países onde se localizam esses monumentos, dispersos por 3 continentes.

Dois desses cinco países, Brasil e India, receberam duas distinções cada - dois anos após terem sido distinguidos nas 7 Maravilhas do Mundo, respectivamente através da Estátua do Cristo Redentor (Rio de Janeiro) e Taj Mahal (Agra). As três restantes foram para Cabo Verde, China e Marrocos, recordando que Portugal é o país com mais património espalhado pelo mundo.

O resultado pareceu-me bem, tanto mais que votei em 4 desses monumentos (Bom Jesus de Goa, Igreja de São Paulo em Macau, Igreja de São Francisco em Ouro Preto e Convento de São Francisco na Bahia). Estes concursos nunca são consensuais, e ainda bem, pois permitem a discussão em torno do Património e um maior conhecimento das riquezas culturais nacionais e mundiais. E o resultado das 7 Maravilhas do Mundo foi bem controverso...

Os monumentos mais votados pelo público, por ordem de divulgação, foram os seguintes:

- Basílica do Bom Jesus de Goa (Índia)
- Cidade Velha de Santiago (Cabo Verde)
- Convento de São Francisco e Ordem Terceira (Bahia, Brasil)
- Fortaleza de Diu (Índia)
- Fortaleza de Mazagão (Marrocos)
- Igreja de São Paulo (Macau, China)
- Igreja de São Francisco de Assis da Penitência (Ouro Preto, Brasil)
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Dos sete, os meus preferidos são a Igreja de São Francisco de Assis em Ouro Preto, e a Basílica do Bom Jesus em Goa.


A Igreja da Ordem Terceira de São Francisco de Assis da Penitência, a mais famosa construção religiosa de Minas Gerais, é uma preciosidade do barroco brasileiro e começou a ser construída em 1766 na então Vila Rica, depois Ouro Preto. António Francisco Lisboa, conhecido por Aleijadinho (1730-1814), assinou praticamente toda a obra, desde o projecto às esculturas da portada e dos púlpitos. A grandiosa pintura do tecto foi realizada entre 1801 e 1812 por Mestre Ataíde (Manoel Da Costa Athayde, 1762-1830), da Escola de Mariana-MG, e representa a Assunção de Nossa Senhora (ver imagens).
O Aleijadinho e Mestre Ataíde são considerados os dois maiores artistas do Brasil colonial.

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A Basílica do Bom Jesus de Goa é um templo jesuíta construído no final do século XVI, no início da ocupação portuguesa (1510-1961). A sua construção demorou apenas 9 anos, um recorde para a época, e foi dedicada ao Menino Jesus. O templo acolhe os restos mortais de S. Francisco Xavier, levados para Goa quase 150 anos após a sua morte, por deferência do Duque da Toscânia, Cosimo III. Jazem num caixão de vidro, colocado dentro de uma caixa de prata decorada por um joalheiro florentino do século XVII (ver imagem).

Actualmente, Goa é o menor estado indiano em território e o 4º menor em população (1,3 milhões) mas tem o PIB per capita mais rico da India.

A declaração oficial das 7 Maravilhas de Origem Portuguesa no Mundo (10/06/2009) teve por base um espectáculo multimédia transmitido em directo pela RTP (canal 1), parceira do projecto. Em 2007, a parceira de media foi a TVI.

As 7 Maravilhas terão continuidade em 2010, com as 7 Maravilhas Naturais de Portugal, a divulgar nos Açores, segundo foi anunciado pela Realizar S.A., que tem organizado estes eventos em Portugal, juntamente com a Young & Rubicam Brands S.A.

Estas iniciativas tiveram origem no projecto suíço New 7 Wonders, que permitiu eleger as 7 Novas Maravilhas do Mundo em 2007, através de um concurso informal e popular por telefone ou internet. A declaração oficial decorreu em Lisboa em 07/07/2007, numa cerimónia no Estádio do Sport Lisboa e Benfica. Na mesma ocasião, foram anunciadas as 7 Maravilhas de Portugal.

As 7 Maravilhas de Portugal (anunciadas em 07/07/2007) são as seguintes:

- Castelo de Guimarães

- Castelo de Óbidos

- Mosteiro de Alcobaça

- Mosteiro da Batalha (ou de Santa Maria da Vitória)

- Mosteiro dos Jerónimos (ou de Santa Maria de Belém), Lisboa

- Palácio da Pena, Sintra

- Torre de Belém, Lisboa

terça-feira, 9 de junho de 2009

PIMENTA NUNES



Pimenta Nunes nasceu em Figueiró dos Vinhos em 1964 e faleceu em 1998, em consequência de um acidente de viação. Residia em Coimbra, na Alameda Calouste Gulbenkian.

Licenciado em Pintura pela ARCA/ETAC, leccionou no Instituto Almalaguês, em Coimbra, e em Montemor-o-Velho – onde também dirigia a Galeria Alcáçova, da qual era co-proprietário. Foi membro fundador da Associação Cultural “O Senáculo”.

Leccionou no Instituto de Almalaguês, Coimbra e na Escola Secundária de Montemor.o-Velho.

Começou a expor em 1988, tendo participado em exposições colectivas em Coimbra (1988, 1989, 1993), Viseu (1989), Penacova (1991, 1992), Carregal do Sal (1991), Seia (Exposição Nacional de Pintura/Prémio Tavares Correia - tendo participado nas extensões dessa exposição em Lisboa e Porto, em 1994), Maia (1994), Leiria (1995), Soure (1995).

Expôs individualmente em Lisboa (Galeria do Terreiro do Trigo, 1989), Coimbra (Galeria de S. Francisco, 1995), Figueiró dos Vinhos (1991 e 1995) e Figueira da Foz (Galeria Milenium, 1997).
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Na I Exposição Colectiva dos Artistas Senenses, em Maio de 1999, foi-lhe prestada uma singela mas sentida homenagem.
Pimenta Nunes elegeu como tema principal da sua obra plástica a “Natureza-morta”, que pretendia revitalizar. Nas suas obras mais apreciadas, as formas naturais eram cuidadosamente dispostas em ambientes artificiais, geométricos. No quadro “Cubinhos para os meus amores” (1993), as formas naturais aparecem convertidas em cubos sobre um plano (tampo de mesa, prateleira) vislumbrado por uma abertura na parede.

Outra particularidade da sua obra é o recurso a texturas, por vezes tácteis, combinadas com elementos geométricos, formas hiper-realistas e até a inclusão de pequenos personagens da BD na pintura. Um exemplo da utilização de texturas “tácteis” é o quadro “Natureza-morta sem título”, com três abóboras rigorosamente pintadas sobre um fundo muito texturado, imitando o volume e a cor do doce de abóbora.





Conheci Pimenta Nunes na Escola Superior de Educação de Coimbra, em 1996, durante a formação para orientadores de estágio no 5º Grupo. Lembrava-me do seu nome, por ter participado na Exposição Nacional de Pintura/Prémio Tavares Correia, que organizei em 1993, e ficámos amigos. Trocámos quadros. Entre outras coisas, devo-lhe ter-me apresentado Pinho Dinis e sua esposa, Dalila, que também me deram o favor da sua amizade. Em 1997, convidou-me a expor na sua galeria, em Montemor-o-Velho. A exposição foi um sucesso e logo agendámos outra para o ano seguinte. Na última vez que telefonei, para confirmar as datas da exposição, Pimenta Nunes já não atendeu o telemóvel.


Fontes: catálogos de exposições de Pimenta Nunes.






PINHO DINIS


“A arte não é uma ciência, a arte é um conjunto de emoções, é para trazer emoções, é para agradar, é para as pessoas verem e sentirem emoções. E é para isso que um artista trabalha, para provocar sentimentos nas pessoas que vêm a sua obra.”

Pinho Dinis – citado pelo neto, Pedro Pereira, no seu blog

Pinho Dinis nasceu em Coimbra a 16 de Dezembro 1921 e aí faleceu, na madrugada de 03 de Setembro de 2007.

Frequentou a Sociedade Nacional de Belas Artes, em Lisboa (1946-48) e o círculo artístico Mário Augusto (1948-50). Na sua formação artística são ainda fulcrais as viagens de estudo aos principais museus de Espanha, França e Itália, em 1950, e as pesquisas de cerâmica com Américo Dinis em Coimbra, entre 1950 e 1953. Em 1954, estudou a técnica do fresco com o pintor Dórdio Gomes, na Escola de Belas Artes do Porto.
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Incompatibilizado com a situação nacional, emigrou para o Brasil, onde viveu entre 1957 e 1975.

Realizou diversas exposições individuais e participou em inúmeras colectivas em Portugal e no Brasil.

Comemorando 30 anos de actividade artística, realizou uma grande exposição retrospectiva na Galeria de São Bento, Lisboa, que decorreu entre 8 de Maio e 13 de Junho de 1999. A 15 de Maio, foi homenageado em Seia, na abertura da
I Exposição Colectiva dos Artistas Senenses. Nos anos seguintes, o artista de Coimbra participaria em diversos acontecimentos artísticos em Seia.

Catraia de São Romão, Seia, 1999: Pinho Dinis, Sérgio Reis, Machado Lopes, Paulino Mota Tavares,...

Em 2002, realizou na sala de exposições do Posto de Turismo de Seia uma exposição retrospectiva, integrada na ARTIS 1 - Festa das Artes em Seia, que decorreu entre 11 e 26 de Maio.

Sempre apaixonado por Coimbra, que envolveu na sua obra, participou activamente na vida cultural da cidade e foi presidente do MAC – Movimento Artístico de Coimbra. Participou também em diversos júris de selecção e premiação e influenciou de modo positivo a obra de jovens artistas, a quem nunca recusou uma orientação.

Em Novembro de 2005, já doente (Alzheimer), realizou a sua última exposição individual, "Desenhos e Guaches", na Galeria Minerva, em Coimbra.

Do seu currículo fazem parte vários prémios e distinções recebidos no Brasil, entre os quais o prémio monetário do Salão Anual de Arte Moderna no Rio de Janeiro (1959), menção honrosa no Salão de Arte Moderna de Curitiba (1960), medalha de bronze no Salão Paulista de Arte Moderna (1961) e medalha de prata no Salão Anual de Arte Moderna do Rio de Janeiro (1963).

Em 2001, recebeu a medalha de Mérito Cultural da Câmara Municipal de Coimbra.

A Câmara Municipal de Coimbra deu o seu nome à galeria da Casa Municipal da Cultura, que passou a designar-se Galeria Pinho Dinis em 2008.

Segundo Paulino Mota Tavares, um dos amigos fiéis do artista, “Pinho Dinis revela-se, neste lugar em que se cruzam a sabedoria e a imaginação criadora, como um singular artista da composição e do desenho.”

As tonalidades singulares e a homenagem feita às mulheres são as principais características distintivas da obra de Pinho Dinis, muito influenciada por Goya e Caravaggio, mas que percorreu vários universos da Arte Moderna, desde “uma figuração de contornos muito definidos e sombrios, próxima das preocupações neo-realistas desse período (…)”(1), no início dos anos 50, os caminhos do abstraccionismo nos anos 60, o geometrismo e o neo-cubismo na década de 70, e o “conflito” entre um expressionismo “selvático” e a geometrização, que foi resolvido nos anos 80.

Dedicou-se ainda à cerâmica, na área do figurado e do objecto, realizando inclusive azulejos e painéis de cerâmica em colaboração com arquitectos e decoradores.

(1)-Maria João Fernandes, catálogo da retrospectiva na Galeria de São Bento, Lisboa, 8 de Maio a 13 de Junho de 1999).


"O teu menino é d'oiro", óleo s/tela, 2000


Fontes: catálogos das exposições de Pinho Dinis; currículo e fotos fornecidas pelo artista em 2002.

terça-feira, 2 de junho de 2009

José Santos em Cantanhede

Fotografia de José Santos, do conjunto "Luzes"
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Continua a digressão da exposição "Luzes", de José Santos. Após a inauguração em Viseu, no Museu Grão Vasco, as fotografias foram mostradas no Museu de Lamego até 31 de Maio e encontram-se patentes ao público na Biblioteca Municipal de Cantanhede. A mostra prolonga-se até ao fim de Junho.
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No dia 06 de Junho, e só durante esse dia, esteve patente no Hotel Marialva, em Cantanhede, a sua exposição de fotografia "Senhor e Deus", que já esteve na Igreja Nova de São Romão e no Posto de Turismo de Seia. Esta série de fotografias tem por base a imagem de cristo crucificado, desfocada ou distorcida por métodos próximos da "light painting" (pintura com luz), termo que o autor considera insatisfatório para enquadrar o seu método fotográfico - que lhe permite obter resultados visuais muito próximos do desenho e da pintura.
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O conceito "light painting" é propositadamente amplo, não fazendo sentido criar subdivisões num método criativo que utiliza meios mecânicos, movimentos de máquina, iluminação artificial e até retoque digital recorrendo a software apropriado, tudo em interacção expressiva, ou separadamente, com preciosismos especializados. Os resultados podem variar - e ainda bem que a linguagem estética desta modalidade de fotografia artística permite múltiplas variações. Veja-se, por exemplo, os trabalhos de pura encenação ambiental de Brian Hart .
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Por outro lado, parece-me bem distinguir a expressão e produção artística da "light painting" de conceitos tecnológicos do género "Arrastar e Soltar" do sistema "Sense and Simplicity", desenvolvido pela Philips - pelo menos enquanto não evoluirem para propostas estéticas de renovação dos ambientes visuais. O sistema "Sense and Simplicity" permite transformar as paredes da nossa casa em telas com formas luminosas em movimento, utilizando um "pincel mágico".
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Numa visão parcelar do trabalho fotográfico de José Santos, que é multifacetado (como sugere a fotografia que apresenta na ARTIS 8 - em Seia), continua a parecer-me que as fotos de "Luzes" são únicas na forma e no conteúdo, valendo à priori pela sua riqueza plástica, e dispensam maior categorização. A procurar um termo específico seria no âmbito desses efeitos e não nos métodos, se é mais "pintura" ou mais fotografia, dúvida que já não acontece nos trabalhos de "Senhor e Deus". Aí, o autor explora os limites reconhecíveis da forma fotografável intensificando o dramatismo da crucificação com deformações intencionais - evocando em certa medida a gramática visual de Francis Bacon.
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A exposição "Senhor e Deus" tem convites para Gouveia e Moimenta da Beira, ainda sem data marcada. "Luzes" tem convite para Sernancelhe, ainda sem data, e para Resende, no próximo ano, havendo a possibilidade de passar por Idanha-a-nova ainda em 2009.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

DIA DA CRIANÇA

Monumento à Criança, em Torroselo - escultura de Reis Duarte

Neste Dia da Criança, nós, crianças de ontem, adultos de hoje, nas vésperas de três importantes actos eleitorais, devemos reflectir seriamente sobre o que queremos para as crianças em Portugal - e não me refiro apenas às crianças portuguesas.

Os casos Joana Guerreiro, Maddie McCann, Esmeralda e Alexandra, por serem demasiado exemplares, não devem distrair-nos do que se passa ao nosso redor, pois as maiores tragédias começam com pequenas distracções.

Claro que esses casos são mediáticos por serem excepções (ou será que são excepções por serem mediáticos?), mas são excepções que envergonham a regra. E as excepções, quando falamos de crianças, deveriam ser extraordináriamente boas.

O que se passa, em Portugal e noutros países com leis mais avançadas na matéria, é que as leis bem intencionadas, talvez por causa disso mesmo, por dificuldades de aplicação na prática, não têm reflexos nos costumes nem nos tribunais, nem sequer a prazo. Veja-se o arrastamento insano do processo Casa Pia e as peripécias internacionais dos casos Maddie e Alexandra. "Portugal corre o risco de se tornar num “viveiro” de casos de polícia ou tribunal envolvendo crianças" (Jorge Mourinho, Público), mas o risco é recente e relativo. É que os crimes cometidos contra crianças tornaram-se fenómenos televisivos e, como tal, entraram a todo o vapor na guerra de audiências entre canais.