Neste Dia da Criança, nós, crianças de ontem, adultos de hoje, nas vésperas de três importantes actos eleitorais, devemos reflectir seriamente sobre o que queremos para as crianças em Portugal - e não me refiro apenas às crianças portuguesas.
Os casos Joana Guerreiro, Maddie McCann, Esmeralda e Alexandra, por serem demasiado exemplares, não devem distrair-nos do que se passa ao nosso redor, pois as maiores tragédias começam com pequenas distracções.
Claro que esses casos são mediáticos por serem excepções (ou será que são excepções por serem mediáticos?), mas são excepções que envergonham a regra. E as excepções, quando falamos de crianças, deveriam ser extraordináriamente boas.
O que se passa, em Portugal e noutros países com leis mais avançadas na matéria, é que as leis bem intencionadas, talvez por causa disso mesmo, por dificuldades de aplicação na prática, não têm reflexos nos costumes nem nos tribunais, nem sequer a prazo. Veja-se o arrastamento insano do processo Casa Pia e as peripécias internacionais dos casos Maddie e Alexandra. "Portugal corre o risco de se tornar num “viveiro” de casos de polícia ou tribunal envolvendo crianças" (Jorge Mourinho, Público), mas o risco é recente e relativo. É que os crimes cometidos contra crianças tornaram-se fenómenos televisivos e, como tal, entraram a todo o vapor na guerra de audiências entre canais.
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