Datados de 1960, os desenhos inspiram-se nas paisagens
rochosas da Estrela, evocando concretamente as formações rochosas da área dos
Piornos e do Covão do Boi. Trata-se de duas obras da fase gestual inicial de E.
Nery antes de enveredar pelo abstracionismo geométrico. Sucedendo a um momento
de puro abstracionismo (1958-59), as suas “obras gestuais de temática cósmica”
representam também um momento de pesquisa ao nível dos materiais (aguadas de
tinta da China, guache preto, canetas de feltro) explorando as tensões entre a linha e a mancha, o
desenho e a pintura. Algumas destas experiências poderão ser entendidas como
paisagens, pela sugestão dos títulos (“Pântano”, 1960, “Cidade”, 1960) mas, em
pouco tempo, as evidências da representação intensificam-se (“Montanha, 1962”)
e clarificam-se (“Marinha”, 1963).
Nos anos 80, E. Nery regressa ao tema da paisagem (série “Paisagem:
Re-construção”), agora entendida como construção – algo que pode ser
desconstruído e recriado através de ilusões visuais simples, desde os jogos de perspetiva à diluição do todo em partes (e o que dele se vai assim perdendo), a
paisagem como “invenção” do olhar.
Nota: as obras acima referidas podem ser vistas no site de E. Nery.
Nota: as obras acima referidas podem ser vistas no site de E. Nery.
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