quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Günter Grass: o Artista Plástico na Guarda

Decorre até 4 de Janeiro de 2009, na Galeria de Arte do Teatro Municipal da Guarda, uma exposição de desenhos, aguarelas, gravuras e esculturas de Günter Grass, Prémio Nobel de Literatura em 1999.

Günter Grass nasceu em Danzig, actual Gdansk, na Polónia, a 16 de Outubro de 1927. Autor de obras marcantes na área do romance e do teatro, caracterizadas pela sua força lírica. A sua obra teatral começou por enquadrar-se na corrente designada por teatro do absurdo. No romance, alcançou projecção internacional com O Tambor, adaptado ao cinema em 1979 por Volker Schlondörff. Posteriormente, optou por uma produção literária de carácter polémico e de compromisso político.


Em 2006, por ocasião do lançamento do seu livro "Descascando a Cebola - Autobiografia 1939-1959" (editado em Portugal em 2007, Casa das Letras) esteve no centro de uma intensa polémica após confessar numa entrevista ao diário alemão "Frankfurter Allgemeine Zeitung" que pertencera à Waffen-SS, as tropas especiais do III Reich, no final da II Guerra Mundial. Então um jovem idealista levado pela onda nazi, tal como a maioria dos alemães dessa época, Grass acompanhou a mudança das mentalidades imposta pelo resultado do conflito e pelo esforço de reconstrução da Alemanha, partida em duas pelo vergonhoso Muro de Berlim. Em 1955, iniciou a sua actividade literária juntando-se ao Grupo 47.

José Saramago, o nosso Nobel da Literatura (enquanto Lobo Antunes vai aguardando a vez e coleccionando distinções literárias como consolação) saiu em defesa de Grass, contribuindo para uma maior compreensão da atitude, em minha opinião muito digna, do Nobel alemão. Saramago lembrou que, na altura, Grass tinha apenas 17 anos, questionando de seguida "E o resto da vida não conta? Que juiz pode dizer que uma confissão vem demasiado tarde? A verdade é que o admitiu, fez a sua confissão" (Jornal de Notícias, 21 de Agosto de 2006).

A obra plástica de Günter Grass é relativamente importante, sobretudo no que respeita ao desenho, pelo que não deve perder-se a oportunidade proporcionada por esta exposição.

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