Existem várias avenidas e ruas com nomes de escritores / homens de letras locais, sem esquecer o incontornável Luís de Camões ou o agradável Silva Gaio (autor do romance “Mário”, cuja acção decorre em São Romão), mas no que respeita às artes chegámos a 4 nomes.
B – Rua Pintor Lucas Marrão (Seia, 1824 – Lisboa, 1894)
C – Travessa Eduardo Correia (Fotógrafo, Porto, 1881 – Seia, 1973)
D – Rua Dr. Avelino Cunhal (Seia, 1887 – Lisboa, 1966)
Avelino Henriques da Costa Cunhal não foi propriamente artista plástico mas era um intelectual multifacetado, com obra literária conhecida e alguma produção plástica.
Liberal e republicano, o pai de Álvaro Cunhal chegou a Governador Civil da Guarda durante a I República. Nunca foi comunista mas opôs-se frontalmente ao regime de Salazar ao defender presos políticos em tribunal, leccionando na "Universidade Popular", e até nas actividades de tempos livres, escrevendo e pintando.
Publicou cinco livros: Senalonga, Nevrose e três peças teatrais – sob o pseudónimo de Jorge Serôdio. Foi ainda colaborador da revista Seara Nova.
Na área da pintura, conhecem-se poucas obras de Avelino Cunhal. Há coisa de dois anos, apareceu no mercado um quadro a óleo s/madeira, de sua autoria, que esteve exposto na Sociedade Nacional de Belas Artes.
A propósito de exposição na SNBA, refira-se que um dos seus quadros mais famosos é "O Menino da Bandeira Branca", que foi apreendido pela P.I.D.E. em Maio de 1947, por ocasião da II Exposição Geral de Artes Plásticas na SNBA. A exposição contou com 89 artistas participantes, muitos deles unidos na oposição ao regime salazarista. Avisado dos secretos objectivos da exposição, o regime reagiu na primeira página do jornal Diário da Manhã ("órgão da unidade nacional") e efectuou uma rusga policial à exposição. Foram apreendidos seis quadros, entre os quais o de Avelino Cunhal, e alguns artistas foram interrogados pela P.I.D.E. Este acontecimento é marcante na história do neo-realismo português pois transformou as Exposições Gerais da SNBA num reduto neo-realista e levou a censura prévia à exposição seguinte (Maio de 1948). Foi a primeira vez, em Portugal, que houve censura prévia nas artes plásticas. Eis mais uma curiosidade da vida de Avelino Cunhal.
www.vidaslusofonas.pt/alvaro_cunhal.htm
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