sábado, 24 de janeiro de 2009

JAIME ISIDORO (1924-2009) - pintor, galerista, animador cultural

Jaime Isidoro morreu a 21 de Janeiro, no Porto. Desapareceu o pintor, o galerista, o coleccionador de arte e o animador cultural, uma das figuras de proa das artes portuenses e um dos criadores e organizadores da Bienal de Cerveira.



Como pintor, Jaime Isidoro distinguiu-se na aguarela e na pintura com espátula, técnicas que lhe permitiram abordar os seus temas de eleição – o casario da sua cidade natal e as brumas do rio Douro, captando impressivamente o efeito do nevoeiro do rio nas formas e nas cores citadinas.


Porto, 2003, Óleo s/tela, 170X210 cm


Participou activamente na vanguarda do Porto desde os anos 50, quando o Porto era pouco mais que um deserto cultural e a ditadura estava particularmente vigilante, criando a Galeria Alvarez (1954) e a Academia Livre de Desenho e Pintura Domingos Alvarez. O seu desempenho como galerista, promovendo a difusão das mais modernas correntes pictóricas no meio artístico portuense e disponibilizando um local de exposição a novos artistas, contribuiu para a afirmação da denominada “Escola do Porto”, centrada na Escola Superior de Belas Artes e em Júlio Resende. Datam desses anos os seus principais prémios: Prémio Rocha Cabral, da Academia Nacional de Belas-Artes (1948); Prémio do S.N.I. (Serviço Nacional de Informação) no I Salão de Pintura de Matosinhos (1951); Prémio António Carneiro (1955); Prémio Henrique Pousão (1956); 2ª medalha em aguarela na Sociedade Nacional de Belas-Artes (1957).



Pintor com um projecto, desenhado através do tempo, participou (com José Rodrigues e outros) na criação da Bienal Internacional de Vila Nova de Cerveira (1978), que se impôs graças ao seu dinamismo e com particular sacrifício já que, enquanto membro do júri, ficava impedido de participar nas bienais. Reconhecendo o seu trabalho, a Câmara de Cerveira atribuiu-lhe a Medalha de Mérito em 1982, distinção que lhe foi igualmente atribuída pela Câmara Municipal do Porto (1988) e Vila Nova de Gaia (2002).


Foi sepultado a 22 de Janeiro no cemitério de Agramonte, entre cortinas de bruma.

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