Há alguns dias, em conversa com amigos a propósito da recente demissão do Director do jornal Porta da Estrela, Albano Figueiredo, surgiu novamente a confusão sobre os títulos do PE no período de tempo em que eu desempenhei efectivamente (Outubro de 1994-Novembro de 1996) o cargo de Director. Em tempo, prestei alguns esclarecimentos sobre aquilo a que um desses amigos chamou “a cena do título” e julguei que esse episódio estivesse compreendido e assimilado, mas parece que ainda não.
Em Setembro de 1994, o então Director do jornal Porta da Estrela, António Silva Brito, teve de abandonar o cargo por motivos pessoais, após seis anos de esforçado e produtivo desempenho – descrito em jeito de balanço, pelo próprio, na PE Revista nº 2 (suplemento do PE nº 418, 20/01/1996), pág. 12, e PE nº 648, 20/12/2002, pág. 12). Durante esses anos, o jornal Porta da Estrela evoluiu substancialmente, parecendo-me muito justa a constatação de “um progresso continuado” em todos os domínios, sobretudo atendendo aos meios então disponíveis. A paginação electrónica do PE começou a fazer-se timidamente no final de 1995, já no meu tempo. Não havia meios para tratamento e edição da imagem e tudo o que fosse publicar desenho ou pintura levantava mil e um problemas pois até o tipo de papel e a qualidade da tinta utilizada pela tipografia limitava a qualidade da reprodução. Esta, fez-se a preto e branco (com títulos a uma cor) até Junho de 1996 (PE nº 432).
“Porta da Estrela”, 1988
“Porta da Estrela”, 1994
Quando fui convidado a substituir Silva Brito, imaginei uma renovação do jornal a partir do esquema gráfico, com um novo título e outra arrumação das matérias. O antigo Director criara uma importante ligação às freguesias do concelho, fomentando a colaboração de correspondentes, chegavam regularmente à redacção matérias das mais diversas áreas e a publicidade tinha já um volume respeitável, mas faltava arrumar tudo isso perseguindo o mesmo objectivo traçado a 15 de Dezembro de 1988 por Silva Brito: “melhorar até onde for possível o conteúdo e o aspecto gráfico do PE de modo que cada leitor possa abordá-lo com mais agrado e reconhecê-lo mais familiar em cada página”.
O novo título, criado por mim, destacava as iniciais "P E" criando um logótipo com forma de chave, relacionável com o conceito de “Porta da Estrela”. O jornal PE passaria a ser apresentado como “chave” de entrada na Estrela, permitindo conhecer a realidade do concelho e constituir um espaço efectivamente partilhado pelos leitores. A estrela de cinco pontas que se destacava no título, remetia para o símbolo maior da região, utilizado por diversas instituições e empresas de toda a região da Serra da Estrela. Apareceu pela primeira vez no PE nº 374, de 10/10/1994.
“Porta da Estrela”, 1994
O objectivo da cor no título (vermelho, verde ou azul) era destacá-lo na primeira página a preto e branco, variando de número para número de modo a impedir uma fixação da função simbólica da cor.
O logótipo PE funcionou bem na revista, a primeira a ser publicada como suplemento de um jornal regional no interior (1 de Dezembro de 1994). O segundo número, previsto para Dezembro de 1995, atrasou-se um pouco e saiu apenas em Janeiro de 1996.
“PE Revista” Nº1 (Dezembro de 1994)
"PE Revista Nº2 (Janeiro de 1996)
"PE Revista Nº2 (Janeiro de 1996)
Com a mudança para a cor, em Junho de 1996, colocando-se a questão das cores do título, foi decidido manter a proposta original, com fundo azul – evocando os espaços abertos, a cor dos volumes serranos na paisagem, a profundidade cerúlea – e o vermelho intenso, vibrante. Perdeu-se, no entanto, a estrela do título, a pedido de quem de direito. Parece que, apesar de identificada com a serra que a leva no nome, incomodou algumas pessoas habituadas a descortinar politiquice em tudo, até nas estrelas, e substituí-a por um traço enigmático no mesmo local.
Muito diferente foi a introdução abusiva do desenho da Torre a preto e branco no espaço do título, sem qualquer explicação. Acabei por abandonar o cargo no final de 1996, mas o meu nome continuou a sair como Director do jornal até final de 2002, devido a alegada dificuldade para encontrar sucessor, apesar das providências tomadas.
“Porta da Estrela” nº 645
A 20 de Novembro de 2002, caiu definitivamente o pano sobre a “cena” do título, não sem um derradeiro desvario “técnico”: ao mesmo tempo que anunciavam “nova Imagem e nova Direcção” para o número seguinte, a “renovada” equipa escangalhava totalmente a primeira página do nº 645 (20 de Novembro de 2002), o último jornal a sair com a indicação de Sérgio Reis como Director.
“Porta da Estrela” nº 646
No mesmo espírito da “nova Imagem e nova Direcção”, a revista “25 Anos Passados para 25 Futuros” foi distribuída com o PE nº 646, o primeiro número da nova direcção (Luís Vaz) e novo grafismo (Márcio Martins), sem qualquer referência às revistas PE suas antecessoras nem ao anterior Director. No meio de tanta celebração, nem uma palavra. Um ano depois (Novembro de 2003), Luís Vaz demitiu-se do cargo de Director do PE mas não por motivos pessoais. Dá que pensar.
Já agora, o PE nº 849, de 12 de Janeiro de 2009, não indica o nome do Director nem do Subdirector. Por lapso?
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