domingo, 28 de abril de 2013

"She Changes" Matosinhos


Janet Echelmann, "She Changes"

Quem chegar a Matosinhos pelo lado do Castelo de S. Francisco Xavier (Castelo do Queijo) e do Parque da Cidade do Porto (o maior parque urbano do país, da autoria do arquiteto paisagista Sidónio Pardal) ou descendo a Estrada de Circunvalação até ao mar, encontra uma gigantesca rede de pesca pairando sobre a Praça da Cidade de S. Salvador, a rotunda que separa o Porto de Matosinhos.

Trata-se de uma das principais obras da escultora norte-americana Janet Echelmann, cujas esculturas com redes podem ser encontradas em cidades como Madrid, Roterdão, Nova Iorque ou Nova Jérsia, mas a escultura de Matosinhos, pelo aparato da estrutura, qualidades dinâmicas e permanente interação com o meio, deverá ser considerada uma instalação.

Suportada por três enormes mastros estaiados, o mais alto com 57 metros de altura, a escultura-instalação tem a forma de uma gigantesca rede de pesca, com uma altura equivalente a um prédio de 7 andares. Na realidade são duas, uma exterior e outra interior, presas ao gigantesco anel de 42 metros de diâmetro, por sua vez  suspenso dos 3 mastros.

A aquisição e localização da obra são justificadas pela alusão à atividade piscatória no concelho de Matosinhos, responsável pela sua importância industrial no ramo das conservas de peixe, homenageando “os pescadores da terra que corajosamente se aventuram mar adentro”(1). Atendendo à sua forma, que à noite ganha cores para sugerir transparências, o povo chama-lhe “anémona gigante”. Na verdade, intitula-se “She Changes”, enfatizando a constante mudança de forma da estrutura por ação do vento e da iluminação noturna.

A obra custou cerca de 900 mil euros (2), incluindo a construção da rede e da estrutura de suspensão, pagos pelo Programa Polis, e foi inaugurada em dezembro de 2004, quando Narciso Miranda era presidente.

A rede resistiu cerca de 3 anos às nortadas e borrascas de inverno. Como as negociações com a escultora para a substituição da rede não avançavam, a CMM interpôs uma providência cautelar e, em fevereiro de 2008, retirou mesmo a rede invocando o “estado de necessidade”. Poucos meses depois, a rede foi substituída por uma réplica, construída  num material mais resistente, com garantia de cinco anos e um custo de 170 mil euros, segundo o JN.  Cerca de ano e meio depois, a rede apresentava já evidentes sinais de detioração.

2006. A primeira rede, vista da rampa de acesso ao areal da Praia de Matosinhos.

2010. A segunda rede, vista do passeio da marginal. Repare-se na amarração do mastro. Ao fundo, o Edifício Transparente.

She Changes” tem sido muito fotografada ao longo destes quase 9 anos. Algumas das melhores fotos devem-se a José Pestana (fevereiro 2008), Ricardo Vilela (2011) ou Pedro Sarmento (2013).

(1)-Site da CMM.
(2)-METRONEWS, 04 julho 2008

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