Janet Echelmann, "She Changes"
Quem chegar a Matosinhos pelo lado do Castelo de S.
Francisco Xavier (Castelo do Queijo) e do Parque da Cidade do Porto (o maior
parque urbano do país, da autoria do arquiteto paisagista Sidónio Pardal) ou
descendo a Estrada de Circunvalação até ao mar, encontra uma gigantesca rede de
pesca pairando sobre a Praça da Cidade de S. Salvador, a rotunda que separa o
Porto de Matosinhos.
Trata-se de uma das principais obras da escultora norte-americana
Janet Echelmann, cujas esculturas com redes podem ser encontradas em cidades
como Madrid, Roterdão, Nova Iorque ou Nova Jérsia, mas a escultura de
Matosinhos, pelo aparato da estrutura, qualidades dinâmicas e permanente
interação com o meio, deverá ser considerada uma instalação.
Suportada por três enormes mastros estaiados, o mais alto
com 57 metros de altura, a escultura-instalação tem a forma de uma
gigantesca rede de pesca, com uma altura equivalente a um prédio de 7
andares. Na realidade são duas, uma exterior e outra interior, presas ao gigantesco anel de 42 metros de diâmetro, por sua vez suspenso dos 3 mastros.
A aquisição e localização da obra são justificadas pela
alusão à atividade piscatória no concelho de Matosinhos, responsável pela sua
importância industrial no ramo das conservas de peixe, homenageando “os
pescadores da terra que corajosamente se aventuram mar adentro”(1). Atendendo à
sua forma, que à noite ganha cores para sugerir transparências, o povo
chama-lhe “anémona gigante”. Na verdade, intitula-se “She Changes”, enfatizando
a constante mudança de forma da estrutura por ação do vento e da iluminação
noturna.
A obra custou cerca de 900 mil euros (2), incluindo a
construção da rede e da estrutura de suspensão, pagos pelo Programa Polis, e
foi inaugurada em dezembro de 2004, quando Narciso Miranda era presidente.
A rede resistiu cerca de 3 anos às nortadas e borrascas
de inverno. Como as negociações com a escultora para a substituição da rede não
avançavam, a CMM interpôs uma providência cautelar e, em fevereiro de 2008,
retirou mesmo a rede invocando o “estado de necessidade”. Poucos meses depois, a
rede foi substituída por uma réplica, construída num material mais resistente, com garantia de
cinco anos e um custo de 170 mil euros, segundo o JN. Cerca de ano e meio depois, a rede
apresentava já evidentes sinais de detioração.
2006. A primeira rede, vista da rampa de acesso ao areal da Praia de Matosinhos.
2010. A segunda rede, vista do passeio da marginal. Repare-se na amarração do mastro. Ao fundo, o Edifício Transparente.
“She Changes” tem sido muito fotografada ao longo destes
quase 9 anos. Algumas das melhores fotos devem-se a José Pestana (fevereiro
2008), Ricardo Vilela (2011) ou Pedro Sarmento (2013).
(1)-Site da CMM.
(2)-METRONEWS, 04 julho 2008
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