sábado, 21 de abril de 2012

Arte Bruta na Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva

AFSVS - Galerias do piso 2, 20 de abril a 23 de setembro 2012
Intitulada “Arte Bruta. Terra Incógnita”, a exposição – inédita em Portugal – mostra até 23 de setembro 2012 um representativo conjunto de obras de artistas de quinze países, provenientes da coleção Treger-Saint Silvestre.
A expressão Arte Bruta (arte em bruto, arte “pura”, arte pela arte), lançada em 1945 por Jean Dubuffet (1901-1985), designa obras produzidas por artistas “marginais”, que valorizam sobretudo a expressão da sensibilidade e a produção plástica pura, instintiva e intuitiva, à margem dos estereótipos e modas artísticas e das imposições do mercado de arte (1). O conceito abrange a arte de loucos e arte dos médiuns, mas também a “arte realizada pelo homem comum invadido por um impulso criativo”.
Entre os artistas portugueses mais conhecidos, que não estão representados na exposição, destaca-se Jaime Fernandes (Covilhã, 1900-Lisboa, 1969), o Adolf Wölfli (2) português, autor de obras fantásticas criadas no Hospital Miguel Bombarda. A sua vida e obra são o tema do documentário realizado em 1974 por António Reis e Margarida Cordeiro, “Jaime” (3).
Richard Treger e Antonio Saint Silvestre são galeristas de sucesso em Paris e a sua coleção de Arte Bruta (cerca de 600 obras) tem contribuído para valorizar internacionalmente esse género artístico. A primeira coleção de Arte Bruta foi instituída pelo próprio Jean Dubuffet em 1948 e existe um museu de Arte Bruta em Lausane, na Suíça.
Em Portugal, a expressão francesa Art Brut foi substituída por “Arte Outsider” e foi criada em 2011 a Associação Portuguesa de Arte Outsider, cujas finalidades são “divulgar o conceito desse tipo de arte, promover autores, salvaguardar obras (...), implementar levantamentos e estudos, criar um Atelier específico, entre outras”.

(1) - “(…) produções de toda a espécie (…) apresentando um carácter espontâneo e fortemente inventivo, que devem muito pouco à arte habitual ou aos estereótipos culturais, e têm por autores pessoas desconhecidas, alheias aos meios artísticos profissionais.” (Jean Dubuffet).
(2) - Adolf Wölfli (1864-1930), um suíço que viveu 20 anos num asilo para doentes mentais, foi indicado por Jean Dubuffet como o artista que melhor se enquadrava no seu conceito de “arte bruta”. Wölfli nunca saiu da sua cela, onde pintou sem descanso imagens da sua vida imaginária no mundo exterior, destacando-se os relatos visuais das viagens e aventuras que viveu através da imaginação.
(3) - Não confundir com a longa metragem “Jaime”, de António-Pedro Vasconcelos, de 1999. O documentário sobre J. F. foi premiado (melhor filme) nos festivais de Locarno, Toulon e no Festival Méridiens (França).

VER: exposição "Dubuffet and the Art Brut" (obras de Jean Dubuffet e de autores por ele descobertos) na Ricco/Maresca Gallery, Nova Iorque, 2011.


Adolf Wölfli


Jaime Fernandes (col. ABCD Paris, in APAO)

Sem comentários: