Na galeria de exposições temporárias do Museu Municipal – Edifício Chiado, decorre desde 04 de Julho uma exposição de cerâmica de Manuel Cargaleiro.
Num espaço muito interessante, com cuidada apresentação, podem apreciar-se painéis de azulejos, placas cerâmicas, jarras, pratos e um canteiro, obras criadas entre 1985 e 2008, pertencentes à Fundação Manuel Cargaleiro.
Actualmente com 82 anos, Cargaleiro reside oficialmente em Paris mas possui atelier em Monte da Caparica, Almada, e em Vietri sur Mare, Itália, onde existe um museu com o seu nome. O Museo Artistico Industriale Manuel Cargaleiro, dedicado à arte da cerâmica, foi inaugurado em 2004.
Em 1990, criou a Fundação Manuel Cargaleiro, à qual doou grande parte das suas obras e a sua colecção de arte e objectos diversos. O ano passado, a Câmara de Castelo Branco e a Fundação Cargaleiro chegaram a um acordo para a instalação das colecções da Fundação no Museu Cargaleiro, criado em 2004 e localizado na Rua dos Cavaleiros, prevendo-se que toda a obra do artista dispersa por França e Itália, assim como a que se encontra em Sobreira da Caparica, tenha como destino o museu albicastrense Manuel Cargaleiro.
Aguarda-se igualmente a construção do Museu Oficina de Artes Manuel Cargaleiro no Seixal, com projecto de Siza Vieira.
Frequentou o curso de Geografia e Ciências Naturais na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, que abandonou para se dedicar à cerâmica.
Em 1949, estreou-se nas exposições colectivas (I Salão de Cerâmica, Lisboa) e, dois anos depois, realizou a sua primeira exposição individual de cerâmica. Em 1954, já professor de cerâmica na Escola de Artes Decorativas António Arroio, conheceu Helena Vieira da Silva e Arpad Szènes e visitou Paris.
Em 1957, fixou residência em Paris, após estudar a arte da cerâmica em Faenza, Roma e Florença, com uma bolsa do governo italiano. Seis anos depois, mudou-se para um atelier na Rue des Grands-Augustins 19, Paris, onde passou a residir.
Artista multifacetado, com uma vasta obra abrangendo a pintura, gravura, desenho, tapeçaria e, naturalmente, a cerâmica, Cargaleiro adoptou uma linguagem plástica influenciada por Helena Vieira da Silva (13 de Junho 1908 - 06 de Março 1992), que desenvolveu numa perspectiva de abordagem cerâmica – algumas vezes em obras de grandes dimensões, no domínio da Arte Pública. Em 1987, dirigiu os trabalhos de passagem para azulejo de uma obra de Vieira da Silva destinada à estação de metro da Cidade Universitária, em Lisboa, enquanto realizava um painel cerâmico para a estação de metro do Colégio Militar-Luz. É também autor do painel cerâmico da estação de metro “Champs-Elysées-Clémenceau”, Paris (1995), e de um trabalho mais recente que pode ser visto na estação de serviço de Óbidos (A8), por encomenda da empresa Auto-Estradas do Atlântico.
Recebeu o “Diplôme d´Honneur de la Académie Internationale de la Céramique” no Festival de Cannes, logo em 1955, a Ordem da Cruz de Santiago da Espada, no Dia de Portugal de 1982, o grau de “Officier des Arts et des Lettres” do governo francês em 1984, e a Medalha de Ouro do Concelho de Vila Velha de Ródão.
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