Durante o mês de setembro, o surrealismo vai conviver com a
arqueologia no Museu Monográfico de Conímbriga, o que não deixa de ser uma
situação… surrealista. Claro que muito boa gente, entre os quais um punhado de “entendidos”,
remete frequentemente o surrealismo para a arqueologia do modernismo e faz tudo
para o manter por lá. No entanto, o surrealismo mantém-se vivo e atuante um
pouco por todo o mundo, a partir de grupos de artistas que seguem os ideais
estabelecidos e difundidos por André Breton nos anos 20 e 30 do século XX (1). Esses
grupos promovem com regularidade grandes exposições internacionais (2), sublinhando
a universalidade e atualidade do movimento, inclusive em Portugal (3). Nos
últimos anos, Coimbra tem sido palco de importantes exposições surrealistas
internacionais, promovidas e organizadas por Miguel de Carvalho/Secção do Cabo
Mondego do Grupo Surrealista Português e pelo pintor surrealista Santiago Ribeiro, promotor e comissário desta exposição – no seguimento da primeira “Surrealism Now”, que organizou em 2010 (maio/junho) na Casa Museu Bissaya Barreto e
Convento de Santa Ana. Em 2011, Santiago Ribeiro organizou em Coimbra a exposição
"Surrealismo Português e Argentino" no Recordatório da Rainha Santa
Isabel (Coimbra, setembro/outubro) e, em 2012, participou na organização de
importantes mostras europeias de surrealismo, como as "Surrealism
Russian-Iberico in Madrid" (2012) e “Héritages Surréalistes” (Paris, 2012).
São 25 (apenas 24 referidos no cartaz) os artistas
representados, com uma ou duas obras, oriundos de 15 países: Azerbeijão (Mehriban
Efendi); Canadá (Daniel Hanequand); EUA (Magi Calhoun, Keith Wigdor, Shahla
Rosa e Steve Smith); Espanha (Naiker Roman); Filipinas (Gromyko Semper); França (Hugues Gillet e Liba WS); Holanda (Majisme
Majo e Ton Haring); Indonésia (Sio Shisio), México (Hector Pineda); Polónia (Maciej
Hoffman); Portugal (Francisco Urbano, Paula Rosa, Rui Silvares, Santiago
Ribeiro e Victor Lages), Reino Unido (Brigid Marlin), Roménia (Dan Neamu); Rússia
(Yuri Tsetaev e Maria Aristova); Vietname (Vu Huyen Thuong).
Integrada nas comemorações dos 50 anos do segundo museu mais
visitado de Portugal, a mostra estará patente de 01 a 30 de setembro.
(1)- Já agora, aproveito para destacar um interessante site
sobre os anos 20, “Anos Loucos”, da autoria de “Cris Valmont”, onde não
poderia faltar o Surrealismo.
(2)- As primeiras
grandes exposições internacionais realizaram-se nos anos 30: “International
Surrealist Exhibition” (New Burlington Galleries, Londres, junho/julho
1936); “Fantastic Art, Dada and
Surrealism” (Museum of Modern Art, Nova Iorque, 1936); Exposition
Internationale du Surréalism” (Galérie Beaux-Arts, Paris, janeiro e fevereiro de
1938).
(3)- Entre as mais
recentes: Ciclo de exposições Phases em Portugal, em Castelo Branco (1977), Coimbra
(Museu Machado de Castro, 1978), Estoril e Lisboa (1979), coorganizado por
Cruzeiro Seixas e Edouard Jaguer, do movimento internacional Phases; Surrealismo
e Pintura Fantástica (Teatro Ibérico, Lisboa, 1984) com organização de Mário
Cesariny e Carlos Martins; “Reverso do Olhar - exposição internacional de
surrealismo atual” (Edifício do Chiado e Casa da Cultura de Coimbra, maio e
junho 2008), organizadas por Miguel de Carvalho. “International Exhibition Surrealism
Now” (Casa Museu Bissaya Barreto e Convento de Santa Ana, 2010), idealizada e
coordenada por Santiago Ribeiro.
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