A obra antes e depois do "restauro".
Tenho recebido vários mails e até vídeos sobre o caso do “Ecce
Mono”. Todos de gente revoltada. Que não há direito. Que brada aos céus. Um
atentado. Na província espanhola de Saragoça, uma idosa senhora dada às artes da pintura resolveu "reparar" um fresco do pintor Elías Garcia Martinez (1858-1934) existente na Igreja do Santuário da
Misericórdia de Borja, “com boa intenção” mas “sem pedir permissão a ninguém”.
O caso lembra a mutilação ficcionada da obra a “A mãe do Artista”, de James McNeill
Whistler (1871), no filme “Bean: The Ultimate Disaster Movie” (Mel Smith, 1997).
Para além de um merecido lugar cimeiro no anedotário do
restauro de obras artísticas (como diz o ditado, “Não vá o sapateiro além da
sandália”), a inabilidade bem intencionada da senhora Cecília Jiménez deu projeção mundial ao até agora pouco conhecido Elías Garcia Martinez, autor da obra original, e criou uma situação comprometedora: a obra restaurada já é mais famosa que o original e vai tornar-se um objeto artístico procurado e cobiçado. A autora do "restauro" será certamente responsabilizada pela destruição de uma obra do século XIX e muita gente ganhará rios de dinheiro a vender a história, as mais diversas reproduções do “mono” e eventualmente a própria obra, agora com a vantagem de ser "dois em um". A própria Cecília Jiménez arrisca-se a ser mais conhecida que Elías Garcia Martinez.
A mãe de Whistler, no filme protagonizado por Rowan Atkinson, "Bean: The Ultimate Disaster Movie"
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