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quarta-feira, 11 de junho de 2014

Mira Schendel em Serralves


No Museu de Serralves decorre até 24 de junho uma interessante exposição retrospetiva de Mira Schendel (1919-1988), artista nascida na Suíça e radicada no Brasil. Com uma impressionante história de vida, Myrrha Dagmar Dub, filha de um emigrante checo e afilhada de um conde italiano, tornou-se refugiada devido às suas raízes judaicas e ativismo social em Itália, viajando pela europa até emigrar para o Brasil, em 1949. Aí começou a pintar, no meio de grandes dificuldades económicas e tendo apenas como referência os mestres da pintura moderna europeia. Em São Paulo, passou a assinar os seus trabalhos simplesmente com o primeiro nome, Mira, e adquiriu, por casamento, o apelido Schendel. Com formação em Filosofia, amiga de Max Bense (autor de uma curiosa teoria estética) e integrada num círculo cultural paulista de raízes germânicas, produziu uma vasta obra pictórica explorando os limites da abstração. No início da década de 1960, trabalha o conceito de “transparência” na perspetiva filosófica (a perceção humana do tempo e do espiritual) e desenhando sobre papel de arroz, delicado e semitransparente, passando depois aos “objetos gráficos” integrando letras e outros elementos gráficos assim como o contributo literário de poetas brasileiros.

Na década de 1970, Mira Schendel integrou na sua obra aspetos tecnológicos inovadores, ao nível da conceção e produção, afirmando-se como uma das mais importantes artistas brasileiras contemporâneas. Na década de 1980 regressou à pintura, trabalhando com têmpera e integrando nas suas telas a folha de ouro e pó de tijolo.

Na sala central de Serralves podem ser apreciadas obras da última série de Schendel, os “Sarrafos” (1987), formas geométricas negras que escapam do seu suporte de modo diferente dependendo do ponto de vista do observador, questionando os limites da forma, a bidimensionalidade da pintura e do seu suporte tradicional, assim como o espaço do observador e a sua participação na obra.

A exposição patente em Serralves foi organizada em associação com a Tate Modern e a Pinacoteca do Estado de São Paulo, na sequência da exposição realizada em Londres no final de 2013. Com curadoria de Tanya Barson e Taisa Palhares, essa exposição reuniu cerca de 250 obras provenientes de coleções públicas e privadas – a maior retrospetiva da obra de Mira Schendel até à data, após a grande homenagem prestada na 22ª Bienal Internacional de São Paulo (1994) e a exposição no MoMA em 2009.

“Natureza morta”, 1953, óleo s/tela. As referências europeias marcaram as primeiras obras da artista, que se mudou para São Paulo em 1953…

... mas também as explorações abstratas com materiais pouco apreciados nos círculos artísticos na época: tintas baratas, gesso, areia, madeira. S/título, 1954, têmpera e gesso s/madeira.

“Ondas Paradas de Probabilidade”, instalação, 1969. Obra criada para a 10ª Bienal de São Paulo, composta por um gigantesco cubo formado por fios de nylon e uma citação bíblica (Livro dos Reis, I, 19) sobre a relação entre conhecimento e fé, “a visibilidade do invisível, daquilo que age sem eu o vejamos – como, por exemplo, processos físicos ou espirituais” (Mira Schendel).

“Variantes”, 1977, óleo s/papel de arroz e acrílico. O conceito de transparência é fundamental na obra de M.S. e as curadoras destacaram a importância de outro aspeto fundamental, a consciência / conhecimento do espaço.

“Sarrafo” (1987), tinta acrílica, têmpera e gesso s/madeira. Nas últimas obras, M. S. explorava os limites da forma, dos suportes e o espaço do observador.

sábado, 11 de janeiro de 2014

Cildo Meireles em Serralves


“Amerikka” (1991-2013). Um chão de ovos e um teto de balas

A 26 de janeiro, termina em Serralves a exposição de Cildo Meireles, artista brasileiro (Rio de Janeiro, 1948) cujas obras de arte concetual se caraterizam pela espetacularidade e por uma linguagem crítica mais próxima do grande público e poderosamente bem disposta. Muitas das suas obras são interativas, transformando muitas vezes o espectador em participante ativo no funcionamento e entendimento da peça artística.

Conhecido pelas suas subtis provocações políticas durante a ditadura militar brasileira, Cildo constrói as suas obras concetuais orientando progressivamente o espectador para um sentido específico e acessível ao cidadão médio, remetendo para problemáticas comuns e não para construções filosóficas abstratas, funcionando como comentários críticos a realidades conhecidas de todos, com perspicácia e humor. Em “Olvido” ” (1987-89), uma tenda feita com milhares de notas de banco ergue-se no centro de um território coberto de ossos, rodeado por um muro circular de velas de cera. “Amerikka” (1991-2013) é o espaço compreendido entre um chão feito de 20.050 ovos e um teto com 40.000 balas de diversos calibres apontadas ao chão de ovos. O visitante é convidado a passear sobre os ovos (de madeira, em tamanho real) abstraindo da ameaça representada pelo teto de balas.

A obra mais impressionante da exposição é “Abajour” (2010), pela dimensão e meios envolvidos, interação de materiais e de linguagens artísticas, incluindo a instalação e a performance, mas sobretudo pela eficácia comunicativa. Inspirada num simples candeeiro, esta obra recorda-nos que o nosso mundo funciona e avança graças ao esforço anónimo de gente humilde, escravos de rotinas, que raramente compreendem a sua verdadeira importância pois vivem aprisionados em pequenos espaços físicos e mentais.

Organizada conjuntamente com o Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofia, com curadoria de João Fernandes (antigo diretor artístico do Museu de Serralves), a exposição completa-se com a peça “Nós Formigas” (2007/2013) no jardim, visível do piso inferior e visitável pelo exterior embora sob condições especiais. O visitante tem de descer a um buraco no solo e observar a obra de baixo para cima, debaixo de um cubo de pedra com várias toneladas suspenso por uma grua. Consegue-se ver a colónia de térmitas no fundo do cubo mas, confesso, entra-se naquele buraco com um nozito de receio teimoso na garganta.

 

“Olvido” ” (1987-89)


Outra proposta interessante: a desconstrução de escadas. Os elementos de escadas com 3 metros são recombinados criativamente. A perda da função prática conduz ao objeto artístico, intelectualmente mais interessante. Estes trabalhos foram expostos pela primeira vez em 2002, em Siena, Itália, completando a obra “Viagem ao centro do céu e da terra” – uma escada de ferro com 40 metros de comprimento, ao ar livre.

sábado, 14 de dezembro de 2013

Nos 105 anos de Manoel de Oliveira

Manoel de Oliveira cruzou a meta dos 105 anos. Não escrevi propositadamente “o realizador” pois Manoel de Oliveira é muito mais do que isso: uma grande figura da Cultura europeia do século XX e XXI, uma referência para sucessivas gerações em Portugal e no estrangeiro, um exemplo de vitalidade e de resistência – física, moral e cultural. Sobretudo, um artista do cinema, que  impôs internacionalmente uma estética cinematográfica muito própria, resistindo a todas as malfeitorias críticas, antes e depois de 1974, e aos “consensos culturais” que visam controlar a  política de subsídios para as artes nacionais. 

Há poucos dias, ficou a saber-se que Manoel de Oliveira chegou a acordo com a Fundação de Serralves para a instalação da Casa do Cinema Manoel de Oliveira no Parque, utilizando as antigas garagens da Casa de Serralves, com projeto de Siza Vieira. A Casa terá uma exposição permanente sobre a figura e obra de M. O. constituindo (mais) uma excelente aposta da Fundação e uma mais valia cultural para a cidade do Porto. A assinatura deste protocolo provocou uma declaração da CMP sobre o destino a dar ao edifício construído há anos na Foz para acolher a Casa do Cinema Manoel de Oliveira. Como é sabido, as divergências entre M. O. e o  executivo liderado por Rui Rio inviabilizaram a oportuna ocupação do edifício projetado por Souto Moura. Segundo o novo responsável pela Cultura do Porto, Paulo Cunha e Silva, o aproveitamento desse espaço será incluído na estratégia municipal para o cinema.

Uma faceta pouco divulgada de Manoel de Oliveira, cuja longevidade terá muito a ver com o seu gosto pela prática desportiva, é a de corredor de automóveis. Com o seu irmão Casimiro de Oliveira, participou em grandes provas de automobilismo, tendo alcançado excelentes resultados. Ao volante do Edfor (um Ford Especial, obra do engenheiro nortenho Eduardo Ferreirinha) venceu em 1938 a Rampa do Gradil e o terceiro prémio do Circuito da Gávea, no Rio de Janeiro (1). Nesse ano, realizou o documentário “Já se fabricam automóveis em Portugal”, destacando o esforço pioneiro dos irmãos Ferreirinha. Em Portugal, construíram-se carros de  marcas lusas como Edfor, Alba,  Marlei, FAP, Olda. O projeto de um Fórmula 1 (Bravo Marinho) não passou do papel em 1976.

Capa do livro de José Barros Rodrigues, vendo-se Manoel de Oliveira, então com 30 anos, junto do Edfor, desportivo de produção nacional e motor Ford V8. 


(1)-VI Grande Prémio da Cidade de Rio de Janeiro, 12 de junho  de 1938. O antigo circuito da Gávea, com 11 km de extensão, era muito rápido e perigoso, conhecido como “Trampolim do Diabo”. Algumas secções do circuito, ainda hoje sem bermas, assemelham-se à Circunvalação do Porto e à estrada marginal do Douro. As condições do piso, empedrado e cruzado pelos carris dos elétricos, também eram comuns no Porto. Manoel terminou a prova em 3º. Casimiro, em Bugatti 51, foi 5º.

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Arte Concetual em Serralves


Damián Ortega,  "Miracolo Italiano", 2005. Vista explodida de uma Vespa em peças reais.

Para os meses de verão, o Museu de Serralves apostou tudo na arte concetual, mostrando um importante conjunto de peças da Coleção de Serralves, uma exposição antológica de Mel Bochner, um dos fundadores da arte concetual e as projeções subjetivas de Alexandre Estrela. A arte concetual valoriza sobretudo a ideia, o conceito, o projeto que estrutura e suporta a obra – e não apenas o objeto físico, a componente “concreta” que materializa a obra concetual e sinaliza a sua interpretação. “Não existe pensamento sem um suporte de sustentação“, afirma Mel Bochner numa das suas obras expostas em Serralves. Por se afastar do entendimento corrente da obra de arte (um objeto artístico completo e fechado, que se dá simplesmente à observação), a arte concetual é desconcertante, não cria suficiente empatia com o público e por isso torna-se difícil de entender, não tem grande aceitação entre o público em geral. No entanto, suscita experiências artísticas mais complexas e enriquecedoras que a pintura ou a escultura convencionais, mobilizando meios e técnicas mais avançados e próprios do nosso tempo. Basicamente, deve-se a movimentos como a arte concetual a convicção de que a arte do nosso tempo nasce da interação de linguagens e saberes diversos, responsável pela fusão das especialidades clássicas da pintura e escultura através do artista plástico, cujas competências abrangem atualmente a fotografia, o vídeo, as novas tecnologias e até a música. Se a correspondência entre a pintura e a poesia, por exemplo, era inquestionável no século XIX, é hoje comum encontrar-se um artista plástico preocupado com teorias matemáticas ou embrenhado na compreensão dos materiais compósitos. Paralelamente, ao retirar protagonismo à obra física, a arte concetual baralhou as regras tradicionais do comércio artístico, impulsionando áreas expressivas como a poesia visual e a arte postal.

A exposição “Forma conceptual e ações materiais” (até 29 de setembro 2013) apresenta uma seleção de obras pertencentes à Coleção de Serralves e à Coleção de Desenhos da Madeira, realizadas por artistas portugueses e estrangeiros desde o início da arte concetual, na década de 1960. Por este motivo, assim como pela diversidade das abordagens artísticas, contexto histórico e origem geográfica dos artistas, a mostra permite entender a arte concetual nas várias vertentes e suportes – desde as obras em papel até às intervenções no espaço.

A peça mais apreciada pelo público encontra-se logo à entrada: a vista explodida de uma Vespa em peças, intitulada “Miracolo Italiano” e realizada por Damián Ortega em 2005). Esta obra repete a experiência da Vespa explodida em “Cosmic Thing” mas utilizando uma Vespa PX. O Mexicano Ortega (n. Mexico City, 1967) trabalha em Berlim, onde contactou com a obra do alemão Stefan Sous e desenvolveu o seu próprio projeto de formas explodidas. O artista holendês Paul Veroude foi o primeiro a suspender peças de objetos reais em vista explodida, na década de 1980, seguindo-se o alemão Stefan Sous e Damián Ortega. Estes dois artistas trabalham normalmente com cerca de duas centenas de peças e Veroude realizou trabalhos com cerca de 5800 peças. As obras mais conhecidas do holandês são os carros de Formula Um em vista explodida.

Outros artistas representados:  Ana Hatherly, Ana Santos, Ana Vieira, Ângelo de Sousa, António Sena, Armando Andrade Tudela, Dieter Roth, Dimitrije Basicevic Mangelos, Francis Alÿs, Guy de Cointet, James Lee Byars, Jorge Macchi, José Pedro Croft, Joseph Grigely, Julie Mehretu, Lucia Nogueira, Lourdes Castro, Lygia Pape, Manuel Alvess, Mirtha Dermisache, Mark Lombardi, Mona Hatoum, Pedro Cabrita Reis, Rirkrit Tiravanija, Tacita Dean, Trisha Donnelly.

Mel Bochner, “Master of the Universe”, 2010, óleo e tinta acrílica sobre tela (e painéis). Coleção Anita & Burton Reiner, Washington, EUA

A exposição antológica da obra de Mel Bochner, “Se a cor muda” (até 27 de outubro 2013), reúne trabalhos de todas as fases do artista, incluindo instalações e murais. Considerado um dos iniciadores da arte concetual, Bochner (Pittsburgh, EUA, 1940) parte da linguagem para o exercício plástico como intervenção cultural, mobilizando o aspeto visual das letras e palavras, a representação do som, frases correntes e até expressões provocatórias como estratégia de envolvimento do público. “A linguagem não é transparente” e torna-se ainda mais complexa se a cor muda, alterando ligações e conexões emocionais, sociais e até políticas. A exposição foi organizada pela Whitechapel Gallery, Londres, em coprodução com a Haus der Kunst de Munique e com a Fundação de Serralves.

Alexandre Estrela, “Viagem ao meio”, 2010. Os efeitos de luz e som sugerem uma forma natural agitada pelo vento.

"Meio Concreto” é a maior exposição de Alexandre Estrela (n. Lisboa, 1971) até à data e resulta do doutoramento do autor, que teve por tema “O concretismo da imagem em movimento”. Apresentando uma seleção de trabalhos realizados entre 2007 e 2012. Integra dois percursos, materializados pelas peças que são ativadas em dia par ou ímpar – permitindo visitar a exposição noutro dia com o mesmo bilhete. As peças desativadas, sombras mudas no espaço da exposição, adquirem assim interesse escultórico.
O filme e o vídeo são os meios mais utilizados por Alexandre Estrela, cujos trabalhos exploram as potencialidades da câmara, projetor de vídeo e écran. O artista recorre a efeitos visuais para criar equívocos e jogos de sentido, revelados nos textos que acompanham cada peça, desafiando a perceção habitual dos objetos e do espaço. A exposição decorre até 29 de setembro 2013.

sábado, 30 de março de 2013

Retrospetiva de Claes Oldenburg no MoMA em abril

Claes Oldenburg e Coosje van Bruggen mostraram as suas obras em Serralves em 2001. A colher de jardineiro ficou desde então na coleção do museu.

Entre 14 de abril e 5 de agosto 2013, a obra de Claes Oldenburg vai concentrar atenções no MoMA, o Museu de Arte Moderna de Nova Iorque.

O artista norte-americano Claes Oldenburg (nascido na Suécia em 1929) é um dos mais populares representantes da Pop Art, conhecido pelas suas esculturas agigantando a forma de objetos comuns e esculturas moles.

Pela informação disponível no site do MoMA, ficamos a saber que a exposição retrospetiva foi organizada em conjunto com o mumok - Museum Moderner Kunst Stiftung Ludwig Wien  (Museu de Arte Moderna da Fundação Ludwig Vienna, em Viena), e recorda o início da carreira de Claes Oldenburg através de dois grandes conjuntos de obras,  “The Street” (1960) e “The Store” (1961-64) - uma fase muito produtiva, durante a qual Oldenburg explora as relações entre pintura e escultura, desde os objetos em papel de jornal, cartão, serapilheira (“The Street”) e esculturas pintadas representando produtos comerciais e alimentares (“The Store”). Esta exposição estará patente no 6º andar do museu.

A retrospetiva evoca ainda a obra de Claes Oldenburg nos anos 1970 através de duas estruturas arquitetónicas colocadas no átrio do 2º andar do museu. Construídas com objetos de uso quotidiano e formas criadas pelo artista, essas obras (intituladas “Mouse Museum” e “Ray Gun Wing”) propõem correspondências entre objetos artísticos e objetos de uso corrente tornando-os equivalentes na mesma obra ou, no mínimo, partes integrantes da mesma estrutura.

Muitas das suas obras realizadas desde 1977 tiveram a colaboração da sua mulher, a holandesa Coosje van Bruggen, falecida em 2009. Em 2001, Claes Oldenburg e Coosje van Bruggen mostraram as suas obras em Serralves: seis esculturas nos jardins e uma retrospetiva de desenhos e maquetas. Dessa exposição, ficou a colher de jardineiro, na entrada do parque. Afinal, uma das várias edições da obra intitulada “Plantoir” (escultura em aço, alumínio, fibra de vidro). Algumas das esculturas de Oldenburg possuem várias edições, expostas e comercializadas separadamente. A obra “Typewriter Eraser” (alumínio pintado, aço, betão e bronze, 1976) teve três edições, a terceira das quais foi vendida em 2009 por 2.210.500 dólares (novo recorde mundial) e encontra-se novamente à venda na Christie’s de Nova Iorque.

"Floor Cake" (1962), escultura mole.

“Typewriter Eraser” (1976) encontra-se novamente à venda na Christie’s de Nova Iorque.

sábado, 16 de março de 2013

A substância do tempo – retrospetiva de Jorge Martins dividida por Lisboa e Porto



Abriu hoje ao público em Serralves, no Porto, e na Fundação Carmona e Costa (1), em Lisboa, a maior retrospetiva de desenhos de Jorge Martins realizada até à data, sob o título “A Substância do Tempo”.

Jorge Martins é sobretudo (re)conhecido pelos seus desenhos abstratos e sem cor, um traço distintivo que unifica a sua obra ao longo de mais de 50 anos de atividade artística, mas o pintor neofigurativo desenvolveu ao longo das décadas um renovado olhar informado e crítico sobre o mundo circundante, com influências mais evidentes do abstracionismo lírico, da arte pop ou do minimalismo. Particularmente estudada desde os anos 80 (2) a sua obra adquire especial sentido pela natureza do diálogo entre o figurativo e o abstrato, expondo a diversidade de relações desproporcionais que se estabelecem no dia-a-dia, a vários níveis, entre pessoas, ideias, espaços e objetos, aplicando o princípio de “utilizar apenas a cor inevitável” (3).

Em Serralves, apresentam-se mais de 200 obras abstratas realizadas entre 1965 e 2012, um percurso que se completa com as cerca de 150 obras mais figurativas expostas no Edifício Espanha (antiga Bolsa Nova de Lisboa), sede da Fundação Carmona e Costa. A mostra de Serralves tem curadoria de Marta Moreira de Almeida e, a de Lisboa, de Manuel Costa Cabral.

Jorge Martins nasceu em Lisboa em 1940. Frequentou os cursos de arquitetura e pintura da Escola de Belas Artes de Lisboa. Começou a expor em 1958, no I Salão de Arte Moderna da Casa da Imprensa, e individualmente desde 1960 (Galeria Gravura, Lisboa, Galeria Alvarez, Porto). Entre as várias exposições que reuniram parte significativa da sua obra, contam-se “Desenhos, 1957-1987” na FCG em 1988, a retrospetiva “Pintura, 1958-1993” na FCG em 1993 e a exposição antológica “Simulacros / Uma Antologia”, enquadrada por um estudo aprofundado de Raquel Henriques da Silva, que teve lugar no Centro Cultural de Belém em 2006.



(1)-A Fundação Carmona e Costa foi criada em 1997 para “desenvolver e dinamizar projetos na área da arte contemporânea portuguesa”. Em parceria com outras instituições, criou em 2003 um programa de apoio à arte contemporânea para projetos na área do desenho.
(2)- Maria Filomena Molder  publicou em 1984 o livro “Jorge Martins” e, no ano seguinte, a FCG editou um livro e dedicou um colóquio à obra do artista, que vivia então em Paris. Em 1981 e 1982, M. Barroso realizou dois filmes sobre J.M., “Visible-Invisible” e “Doce Exílio”. Vários críticos de arte escreveram prolixamente sobre a sua obra, com destaque para João Pinharanda e Rui Mário Gonçalves.
(3)-“Preto.branco”, desenhos de Jorge Martins, FCG, 1983.

sábado, 1 de dezembro de 2012

"Noites Brancas" em Serralves


Abriu ao público em Serralves a mais completa retrospetiva da obra de Julião Sarmento realizada até hoje, “Noites Brancas”, integrando mais de 160 obras produzidas desde o final dos anos 60. A última exposição comissariada por João Fernandes, que vai abandonar a direção do museu em dezembro para assumir a direção do Museu Nacional Centro de Arte Rainha Sofia, em Madrid, é uma das maiores exposições já vistas em Serralves, ocupando praticamente todos os espaços do Museu.

A abertura da exposição reuniu muito público, sobretudo na Casa de Serralves, que foi aí confrontado com situações insólitas, integradas no prometido programa de performances, com especial destaque para a senhora que suscitou as mais diversas reações passeando demoradamente entre os convidados totalmente nua, apenas coberta com uma capa de plástico transparente, ou dois gémeos que se observavam narcisicamente, cada qual tomando o outro pelo seu reflexo.

O trabalho de Julião Sarmento (n. Lisboa, 1948) convoca as mais variadas linguagens artísticas para uma abordagem crua do ser humano enquanto corpo e indivíduo, da pose moral ao despojamento psicológico, da perplexidade à solidão. As suas instalações integram pintura, escultura, som, vídeo e multimédia, muitas das quais concebidas para locais específicos (site-specific art).

O termo “noites brancas” é utilizado nos países nórdicos para designar as horas correspondentes ao período noturno durante o verão, quando o sol é visível 24 horas por dia. Em São Petersburgo, as “Noites Brancas” reúnem um conjunto de eventos artísticos oferecidos à população para ocupar as longas “noites” de verão.

terça-feira, 3 de julho de 2012

Mixed Media de Ernesto de Sousa em Serralves


Cartaz: ARARA


O Conselho de Administração da Fundação de Serralves convida V. Ex.ª para a inauguração da exposição de Ernesto de Sousa,  e performance, sessão única, que decorrerá no próximo dia 06 de Julho de 2012, na Casa de Serralves, das 22h00 às 24h00Na noite de inauguração a entrada para a exposição é feita exclusivamente pela Rua de Serralves, 999.A presente exposição estará patente até 26 de Agosto de 2012.


"Almada, um Nome de Guerra" e "Nós Não Estamos Algures"


Durante as décadas de 60 e 70, Ernesto de Sousa desenvolveu os projetos "Almada, um Nome de Guerra" e "Nós Não Estamos Algures", inspirados na sua admiração por Almada Negreiros.

A performance terá uma única sessão, no dia 6 de julho, com direção artística de João Sousa Cardoso, com participação musical do Grupo de Música Contemporânea de Lisboa e direção musical do jovem maestro senense Jaime Reis.

A exposição comissariada por João Fernandes e Ricardo Nicolau aborda o processo de conceção dos projetos, incluindo diverso material da época e ilustrativo da vida e obra de Ernesto de Sousa e fica patente até 26 de agosto 2012. O catálogo da exposição, de autoria de Ana Baliza e Marta Ramos, será apresentado em data a anuncia.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Serralves em Festa!


A 6ª edição do Serralves em Festa vai decorrer durante o fim-de-semana de 30 e 31 de Maio de 2009, com 40 horas non-stop de actividades nas áreas da música, dança, performance, fotografia, vídeo, cinema, teatro e circo.

Este ano, o festival coincide com a comemoração dos 20 anos da Fundação de Serralves e o 10º aniversário do Museu de Arte Contemporânea de Serralves. No Museu, poderá ser visitada a exposição comemorativa "Serralves 2009 - a Colecção", composta por peças da Colecção de Serralves.

A Festa começa logo no dia 29, na baixa do Porto. Ver programa desse dia.

Serralves em Festa tem entrada livre, das 08.00 horas de Sábado às 24.00 horas de Domingo.


Serralves em Festa 2007 - uma das exposições no MAC (foto GRL)