De 15 de junho a 15 de julho, os
alunos finalistas do Curso de Artes Visuais da Escola Secundária de Seia
mostram os seus trabalhos no Foyer do
cineteatro da Casa Municipal da Cultura. Não se trata de mais uma exposição
escolar, muito menos da reposição da XI Exposição de Arte que decorreu em
abril, integrada na Semana das Artes do Agrupamento de Escolas de Seia.
Trata-se, isso sim, da primeira exposição coletiva “a sério”, fora do âmbito
escolar, num espaço de exposições credível, e por isso digna de registo no
currículo destes futuros artistas, a primeira prova pública a que se submetem,
o primeiro contacto com as exigências sociais da prática artística.
Antigamente, em dias nem por isso
muito recuados, os aspirantes a artistas e os aprendizes em final de formação,
submetiam uma obra ao julgamento superior dos mestres, na qual se esforçavam
por condensar os conhecimentos iniciais ou já os frutos da aprendizagem em
contexto oficinal: a “obra-prima”, termo atualmente com outro sentido. Hoje,
valorizamos os exames de acesso e os exames finais em contexto escolar e
universitário, faltando cada vez mais as provas afetivas e práticas de
integração cultural eficaz, promovendo a responsabilidade social dos jovens na
construção do futuro de todos. Neste caso, são jovens candidatos a artistas.
Uma simples exposição pode inspirar e dar corpo a uma revolução maravilhosa,
centrada nas capacidades criativas dos jovens e perspetivada para o futuro, que
assenta pouco nas ideias falidas do presente.
A arte inspira o futuro. Basta ler as
frases que este jovens “artistas” escreveram sobre si próprios e observar
demoradamente as suas obras, para ficarmos com a certeza do novo rumo. Frases
sem artimanhas adultas. Obras evidenciando já surpreendente domínio técnico,
excelentes exercícios escolares. E quanto aos temas, aos conteúdos
comunicativos enquadrados pelas suas preocupações juvenis, que podemos
encontrar nas suas obras que nos marque para o resto das nossas vidas?
Encontramos o olhar e a medida da juventude, a navegação novamente pelas
estrelas, a gravitação em torno dos mais diversos mitos modernos, mas também a
força centrífuga da criatividade que liberta o espírito lançando-o em novas
direções, alargando os caminhos do conhecimento. Sublinhando o que fica dito no
texto de apresentação da exposição, “Não temos dúvidas de que entre estes
jovens autores se encontram os artistas de amanhã e este será mais um excelente
motivo para uma visita atenta a esta exposição.”
Sérgio Reis
(1) - Texto publicado no jornal Porta da Estrela, 15/06/2012
Ana Rita
Santos, “Elétrico”, 2011, pastel seco
Ana Rita
Santos, “Jordan”, 2012, acrílico s/tela
Fernando
André, “Tiki”, 2012, madeira e metal
Marco António
Oliveira, “Leonardo Dali”, 2011/2012, Óleo s/tela
Marco António
Oliveira, “O Livro”, 2011/2012, acrílico s/tela
Marco António
Oliveira, “Gárgula”, 2011/2012, escultura em barro
Maria Isabel
Mendonça, “Parque Terra Nostra”, 2011, acrílico s/tela
Maria Isabel
Mendonça, “Cena Doméstica”, 2011, óleo s/tela
Nathalie
João, “Paisagem nos Açores”, 2012, acrílico s/tela
Nuno Bastos, “Humanóide
I”, 2012, acrílico s/tela
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