Zeng Fanzhi – Série Máscaras, Nº6,
1996, oleo s/tela. A pintura mostra um grupo de jovens usando máscaras risonhas
e lenços do Exército Vermelho.
A China é uma grande potência mundial, a todos os níveis.
Apesar das influências ocidentais, a arte chinesa contemporânea possui
características próprias que emergem da sua história imponente e das elaboradas
artes tradicionais. Xu Beihong (1895-1953) foi o
pioneiro da arte moderna chinesa, beneficiando de uma perspetiva alargada da
arte internacional graças aos estudos artísticos em Tóquio e Paris. Wu
Guanzhong (1919-2010), que renovou o tradicional tema da paisagem, é outro nome
de referência da arte chinesa do século XX. Curiosamente, Beihong e Guanzhong nasceram
na mesma localidade, Yixing, na província de Jiangsu, famosa pela olaria tradicional.
Os artistas chineses contemporâneos com mais projeção
internacional abordam temas sociais e políticos, sobretudo aqueles que viveram a
infância durante a Revolução Cultural (1966-1969) e os protestos estudantis de
1989, reprimidos pelos militares em Pequim, com grande violência, mas sobretudo
o encerramento forçado da primeira exposição coletiva de arte chinesa de vanguarda,
“China / Avant Garde”, também em 1989. Esta exposição na Galeria Nacional da
China, em Pequim, é um marco na história da arte chinesa contemporânea, pelo
arrojo da ideia (exibir obras vanguardistas na Galeria Nacional da China,
incluindo performances e instalações) e do resultado provocatório (uma
exposição que mais parecia, segundo o artista Zhang Peili, “um mercado agrícola”), mas sobretudo
pela reação imediata dos artistas, nomeadamente através da criação do movimento
artístico “Realismo Cínico”(1), que direcionou a arte chinesa contemporânea
desde 1989 para a crítica social e política.
Entre os artistas chineses contemporâneos mais conhecidos
internacionalmente, para além do já referido Ai Weiwei, contam-se Cai
Guo-Qiang, Fang Lijun, Gu Wenda, Yue Minjun, Wang Guangyi, Zeng Fanzhi, Zhang
Dali, Zhang Huan, Zhang Xiaogang. São artistas inconformados, cujo traço comum
é a responsabilidade social do artista, determinada pela sua consciência política.
Uma linha seguida pelos artistas mais jovens, como Sun Yuan (n. Beijing, 1972)
e Peng Yu (n. Heilongjiang, 1974), conhecidos por obras como “Old Persons Home”
(2007) e pela manipulação de materiais extremos.
(1) - O “Realismo Cínico” carateriza-se pelo humor, cinismo, preferência pelas
cores vivas e destaque das personagens individuais, tendo marcado a arte
chinesa sobretudo nos anos 90 do século XX.
ALGUNS ARTISTAS
REFERENCIADOS NO TEXTO
Cai Guo-Qiang (n. Quanzhou, Fujian, 1957, vive e
trabalha em Nova Iorque) é conhecido pela sua arte pirotécnica (em especial, o
fogo de artifício das Olimpíadas de Pequim, 2008) mas desenvolve uma obra
plástica que mobiliza conceitos e mitos tradicionais chineses. As suas posições
políticas, ampliadas pela reputação mundial da sua obra, tornaram-no um artista
incómodo para o governo chinês.
Ding Fang (n. Nanjing, 1956) esteve ligado ao movimento de vanguarda que
originou a primeira exposição vanguardista chinesa, em 1989. Expôs em várias
galerias na Europa, EUA e Austrália. O Museu Nacional de Arte da China
dedicou-lhe uma exposição retrospetiva em 2002. Ensina arte na Universidade de
Nanjing.
Fang Lijun (n. Handan, Hebei, 1963, reside e
trabalha em Beijing) liderou o movimento cultural chinês “Realismo Cínico” nos
anos 90. Começou por estudar cerâmica e gravura mas a sua pintura, inicialmente
mal recebida nos meios académicos, tornou-o conhecido internacionalmente.
Gu Wenda (n. Xangai, 1955, vive e trabalha em Nova
Iorque) iniciou a sua carreira artística ainda na Guarda Vermelha e deixou a
China em 1987. O seu trabalho ecoa a cultura chinesa, sobretudo as obras
inspiradas na caligrafia chinesa. É também conhecido por usar cabelo humano nas
suas obras.
Yue Minjun (n. em Daqing, Heilongjiang, 1962, reside e
trabalha em Beijing) é um artista conhecido pelos seus retratos resplandecentes
de ironia e cinismo, que o aproximam do movimento “Realismo Cínico” – uma
ligação que o artista rejeita. A revista Time referenciou-o em 2007, originando
a sobrevalorização das suas obras. Uma delas, “Execução” (1995), foi vendida por 5,9 milhões de dólares americanos. Nem por acaso, as figuras de Minjun
exprimem o vazio do mundo atual e as personagens risonhas são a sua marca
distintiva.
Yue Minjun, “Execução”, 1995
Zeng Fanzhi (n. Wuhan, 1964, vive e trabalha em
Beijing, China) pratica uma pintura introspetiva, com base nas memórias e
experiências quotidianas, procurando reinventar regularmente a sua expressão
artística. Na série “Máscara” explorou o sentimento de solidão e isolamento e
uma dessas obras (Nº6, 1996) tornou-se mesmo a mais cara obra de arte chinesa
contemporânea, vendida por 9,7 milhões de dólares americanos. A pintura mostra um grupo de jovens usando máscaras risonhas e
lenços do Exército Vermelho.
Zhang Dali (n. Harbin, 1963, vive e trabalha em
Beijing, China) exprime-se sobretudo no graffiti mas são famosas as suas
instalações com figuras de resina em tamanho natural, penduradas de cabeça para
baixo, simbolizando a incerteza da condição dos trabalhadores migrantes na
China.
“Chinese Offspring”, figuras em resina e fibra de vidro,
2003
Zhang Peili (n. Hangzhou, 1957) esteve ligado ao movimento
de vanguarda que originou a primeira
exposição vanguardista chinesa, em 1989, e foi o primeiro artista chinês a
dedicar-se ao vídeo de arte. As suas obras de pintura, instalação e video, abordam
questões sociais e incluem comentários políticos. Peili ensina na Academia de
Belas Artes de Zhejiang.
Zhang Peili, “Last Words”, 2003, vídeo
Wang Guangyi (n. Harbin, 1957, reside e trabalha
em Beijing, China) é o mais conhecido artista “pop” chinês, reinventando
cartazes de propaganda da Revolução Cultural . Na série “Grande Crítica”, junta
símbolos do consumismo com imagens de soldados e camponeses chineses.
Wang Guangui, Série “Grande Crítica”, “Coca-Cola”, 2005,
óleo s/tela.
Zhang Huan (n. Anyang, Henan, 1965, vive e trabalha em
Nova Iorque e Xangai) começou a sua carreira como fotógrafo e performer
vanguardista em Pequim mas, com o tempo, apurou uma linguagem artística
combinando o desenho, pintura, escultura e instalação. O seu interesse pelo
Budismo tornou-se um tema recorrente na sua obra.
Zhang Huan, “q confucius nº2”, silicone, aço, fibra de carbono e acrílico
Zhang Xiaogang (n. Kunming, Yunnan, 1958) é um pintor
simbolista e surrealista que se inspira na estética da era de Mao, nos
surrealistas europeus e nas fotos de estúdio dos anos 50 para criar os seus
impressionantes retratos imaginários de famílias e indivíduos. A série
“Bloodline” (Linhagem) aborda as interações entre a vida privada e pública.
Zhang Xiaogang, Série “Bloodline”, “A Grande Familia nº3”,
1995
LINKs e FONTES:
VER: "Ai Weiwei e a responsabilidade social do artista".
Artistas chineses de VANGUARDA (1985-….)
GALERIA DO MUNDO (Arte chinesa contemporânea)
ARTISTAS CHINESES contemporâneos
Principais fontes:
Wikipedia; Saatchi Gallery; sites dos artistas; sites indicados.
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