sábado, 14 de maio de 2011

José Pessoa em Seia

José Pessoa esteve na Casa Municipal da Cultura na noite do dia 13 para uma conversa informal sobre fotografia com fotógrafos profissionais e amadores de Seia. Compareceram 15, um número importante considerando que a exposição de fotografia da ARTIS reune este ano obras de 19 fotógrafos.

Na sua intervenção inicial, José Pessoa fez uma breve resenha histórica da evolução tecnológica da fotografia e falou do seu trabalho de várias décadas a inventariar e documentar através da fotografia as obras de arte que fazem parte do Património português. Apresentou depois uma actividade que se encontra a desenvolver no Museu de Lamego, Música às Quintas (1), na qual concilia de modo muito pessoal a música com a imagem fotográfica. Foram apreciados dois trabalhos com base em obras de George Gershwin (2): “Rapsódia em Azul” (1924) e “Um Americano em Paris” (1928).

A conversa informal entrou ainda pelos caminhos e rumos das tecnologias de informação e comunicação, a propósito da fotografia digital. A reter, a preocupação com a falibilidade do suporte e dos formatos de gravação, com a validade a prazo dos sistemas informáticos e os custos astronómicos da correspondente compatibilização de dados.

Quem começou a trabalhar com PCs nos anos 80, como eu, com o sistema operativo MS-DOS, processamento de texto Wordstar e discos amovíveis flexíveis de 5 ¼, sabe que a realidade afinal excede a ficção e também já percebeu que esta revolução tecnológica ainda mal começou. Mas paira essa angústia, é um facto, das imagens e documentos produzidos ao longo de décadas, com insubstituível valor afetivo, poderem desaparecer sem rasto nem proveito para ninguém. José Pessoa acha que vão desaparecer, com a consequente perda da memória individual e colectiva.

Os trabalhos de José Pessoa, fotógrafo do Instituto dos Museus e da Conservação (IMC), são marcados pelo rigor científico, mobilizando método fotográficos, processos químicos e meios informáticos avançados, e também, como declarou em certa ocasião, pela “humildade perante a grandeza de qualquer acto criativo, das Tentações de Santo Antão ao mais simples artefacto, todos tratados com o mesmo respeito e atenção” (3). Para a sua mais conhecida exposição de fotografia, “Luzes de Pedra”, escolheu as pedras do Património que os portugueses tão mal conhecem. A mostra esteve patente em Lamego, Viseu e Castelo Branco, tendo ficado prometida uma exposição em Seia.

Entretanto, a obra fotográfica de José Pessoa pode ser vista AQUI, no MatrizPix – um sistema de informação concebido pelo IMC para o inventário, gestão e disponibilização online de arquivos fotográficos.

Notas:

(1)- Na primeira quinta-feira de cada mês, ao fim da tarde. A primeira edição teve lugar no passado dia 5 de Maio. Na Internet, podem ver-se trabalhos semelhantes, inclusive com música de Gershwin - como uma seleção de temas da ópera "Porgy and Bess" e fotografias de Cameron, Winogrand, Frank, Meyerowitz, Evans, Atget, Kertesz, DeCarava, Bresson, Brassai, Sander, Lange, Diane Arbus, entre outros: http://youtu.be/faiG6Ssvpyc
(2)- George Gershwin nasceu em Brooklyn, Nova Iorque, a 26 de setembro de 1898, com o nome Jacob Gershowitz. Com o seu irmão Ira, tornou-se um compositor americano muito popular no início do século XX graças a diversos sucessos na Brodway, uma ópera folk e várias partituras de filmes. Faleceu prematuramente em Hollywood, com 38 anos, após uma cirurgia para retirar um tumor do cérebro. Nesse ano, também faleceu o seu ídolo musical, o compositor francês Maurice Ravel, por motivo idêntico. Site oficial dos irmãos Gershwin:
www.gershwin.com/
(3)– Diário de Notícias, 07/12/2004.

Uma imagem da exposição "Luzes de Pedra", em Lamego (Setembro 2009):

Sem comentários: