No Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, decorre até 26 de Setembro uma importante exposição antológica de Ana Vidigal, intitulada "Menina Limpa. Menina Suja".
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O título da exposição foi emprestado de uma série de obras que a artista realizou em 2000, inspiradas nas personagens de Monteiro Lobato ("Sítio do Pica-Pau Amarelo"), sobre o lado menos limpo das pessoas, aquele que não mostram tanto.
Composta por 120 obras, a exposição permite rever trabalhos da artista realizados nos diversos momentos do seu percurso artístico de 30 anos, seleccionados por Isabel Carlos, a curadora da mostra. Uma retrospectiva antológica, de acordo com a explicação de Ana Vidigal: “é como estar a olhar para um livro e a folheá-lo para trás”.
A obra mais antiga é um quadro de 1980, representando a primeira fase, e a mais recente um quadro de 2010. Entre estas duas datas, Ana Vidigal realizou pinturas abstractas, colagens bi e tridimensionais, instalações, tratando temas relacionados com a (sua) infância e a condição social da mulher - assumindo-se como feminista.
As suas primeiras exposições já tinham colagens mas eram bidimensionais. Gosta de trabalhar com tesoura e cola, tendo chegado a afirmar que a "pintura é tudo o que se cola" - a começar pelos pigmentos no papel ou na tela, por acção do aglutinante. Em 1985, começou a reutilizar objectos e materiais, desde logo incorporando-os na pintura, com a ironia que se tornou uma marca da artista e que começa logo nos títulos “divertidos”. Na fase mais recente, realizou instalações integrando objectos e materiais fora de uso, desde velhos bancos de madeira (bancos “Monosigóticos”, 2000) ou as cartas que o pai enviou à mãe quando esteve na Guerra Colonial (“Penélope”, 2000) a uma velha roulotte (instalação “Querido mudei a casa”, 2007), babetes (“Tenha sempre um plano B”, 2007) e à reconstituição do seu quarto de criança, com as mobílias originais (“Void”, 2007).
Formada em Pintura na Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa em 1984.
Co-fundadora do grupo "Talentos Emergentes". Bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian entre 1985 e 1987. Estágio de gravura com Bartolomeu Cid dos Santos, em 1989, na Casa das Artes de Tavira.
Criou painéis para as estações do Metro de Lisboa em Alvalade (1995) e Alfornelos (2002).
Em 1998 e 1999 foi artista residente na Museu de Arte Contemporânea - Fortaleza de São Tiago, Funchal.
Trabalha com a Galeria 111 desde 1999, ano de forte impulso na sua carreira.
Foi distinguida com o Prémio Maluda-Pintura (1999) e o Prémio Amadeo Souza-Cardoso (2003).
Ainda em 1999, foi seleccionada pela AICA (Associação Internacional de Críticos de Arte) para integrar a colecção de pinturas de onze artistas oferecidas ao Brasil, subordinadas ao tema "A carta de Pêro Vaz de Caminha".
Exposições recentes:
Estoril FashionArt Festival – 2010 (“Boomshirt”)
Galeria 111, Porto – 2010 (“Matar o Tempo”)
Espacio Atlântico, Vigo – Galiza – 2010
ArteLisboa 09 – 2009
Bienal de Sharjah 9, Emiratos Árabes Unidos - 2009
Galeria 111, Lisboa – 2009 (“Pintura 2005/2006”)
Allgarve’09, Faro – 2009 (“Dialogues Boxes on Street Windows”)
Centro de Arte Manuel de Brito, Algés – 2009 (“Anos 90”)
Art Basel Miami Beach 2008
ArteLisboa 08 – 2008
Galeria Municipal de Abrantes – 2008 (“Tenha sempre um plano B”)
AR.CO’08, Madrid – 2008
Trienal Arquitectura Lisboa – 2007 (“Vazios Urbanos / Urban Voids” – “Querido mudei a casa”)
ArteLisboa 07 – 2007 (Project Room “Voids”)
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Blogue de Ana Vidigal
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