sábado, 1 de junho de 2013

Joana Vasconcelos de cacilheiro em Veneza


Abre hoje, 01 de junho, a 55ª Bienal de Veneza, juntando 155 participantes de 38 países na mostra central, a Exposição Internacional de Arte, que decorre num espaço denominado Il Palazzo Enciclopedico (O Palácio Enciclopédico), que dá o título à Bienal. A exposição Internacional é comissariada por Massimiliano Gioni, o diretor artístico da Bienal presidida por Paolo Baratta.

Realizando-se desde 1895, este importante acontecimento artístico de projeção mundial conta este ano com a participação de 80 países de todo o mundo, muitos deles com pavilhões próprios. Sublinhando esta universalidade dialogante, a 55ª edição acolhe as participações especiais da IILA - Instituto Italo-Latino Americano (“El Atlas del Imperio”, reunindo sobretudo artistas sul-americanos), dos Emiratos Árabes Unidos (representados pelo artista concetual Mohammed Kazem) e de Taiwan, cujo museu de Belas Artes juntou artistas de diversos contextos culturais (Bernd Beher, Chia-Wei Hsu, Kateřina Šedá's + BATEŽO MIKILU) com o objetivo de promover a coexistência e a pluralidade cultural. 

A bienal regista igualmente uma forte participação de artistas chineses, desde o dissidente Ai Weiwei (com uma grandiosa instalação no pavilhão alemão) ao estreante Shu Yong , que apresenta um muro com 20 metros de comprimento construído com tijolos de resina. O pavilhão chinês tem por tema a “Transfiguração” e reúne obras de 7 artistas.

Joana Vasconcelos (n. Paris, 1971) representa Portugal com uma obra polémica, um cacilheiro cedido pela Transtejo que a artista transformou em obra de arte flutuante. No exterior, exibe a toda a volta um painel de azulejos portugueses reproduzindo uma vista atual de Lisboa, um desenho de Jorge Nesbitt  inspirado no Grande Panorama – painel de azulejos de Gabriel del Barco que representa Lisboa antes do terramoto de 1755. O painel foi colocado já em Veneza, onde a embarcação chegou a 21 de maio, após 16 dias de viagem por mar. O interior foi transformado num grande espaço visceral, recorrendo a formas orgânicas construídas com produtos têxteis industriais e artesanais e animadas com luz proveniente das lâmpadas LED incorporadas na obra.

O “Trafaria Praia” foi apresentado ontem em Veneza pela artista, com a presença de António Costa, presidente da Câmara de Lisboa, e o Secretário de Estado da Cultura, Jorge Xavier Barreto, em representação do Governo Português, que organiza e apoia a participação portuguesa através da Direção-Geral das Artes, com curadoria de Miguel Amado.

O cacilheiro lisboeta ficará em Riva dei Partigiani, próximo do frequentado Giardini, inspirando comparações com o vaporetto veneziano e representando as relações marítimas entre Portugal e Veneza na Idade Media e no Renascimento. Apesar das críticas, que sempre existirão seja quem for escolhido, a ideia é original e o “Trafaria Praia” é o único pavilhão nacional a passear os visitantes pelas águas de Veneza, entre os Giardini e a Punta della Dogana. Depois de ter transportado 11 milhões de passageiros no rio Tejo durante 51 anos, o cacilheiro entrará novamente ao serviço até 24 de novembro, data de encerramento da Bienal, com duas viagens diárias rumo a um palmarés invejável.

A Bienal é ainda o pretexto para uma infinidade de inciativas paralelas, levando a festa das artes a todos os recantos de Veneza, Património da Humanidade e um dos mais procurados destinos turísticos do mundo. 




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