sábado, 24 de novembro de 2012

Enya e Lisa Gerrard

Enya

Os vídeos musicais não são um fenómeno recente mas o nível está cada vez mais alto e parece cada vez mais difícil fazer melhor. O mesmo se passa com o filme publicitário, cuja estética e capacidade de síntese narrativa chegam a ser acutilantes, mas o vídeo clip musical tem uma estética própria, outra plástica, outra teatralidade – embora os realizadores de filmes publicitários também realizem vídeos musicais, como acontece por exemplo com Peter Nydrle.

Um bom exemplo é a coletânea de vídeo clips do último álbum de Enya, “The Very Best of Enya” (2009), disponível no YouTube. Alguns vídeo clips inspiram-se na pintura e na colagem para criar ambientes e reforçar os conteúdos comunicativos de temas inesquecíveis como “Orinoco flow”, “Caribbean Blue”, “Amarantine” ou “Listen to the rain”.

No breve universo de vozes incomparáveis, cuja estranha beleza nos fala secretamente, também aprecio Lisa Gerrard. Para além da proximidade das vozes e dos géneros, as biografias de Enya e Lisa contêm algumas semelhanças curiosas – ou já curiosas coincidências.

Cantora, instrumentista e compositora, Enya Brennan nasceu na Irlanda em maio de 1961 com o nome de Eithne Ní Bhraonáin. Lisa Gerrard nasceu em abril de 1961 em Melbourne, Austrália, filha de emigrantes irlandeses.

Enya canta sobretudo em inglês mas uma das características do seu estilo único (relacionado com o New Age) é o modo como destaca a musicalidade de línguas antigas como o Irlandês ou o Latim, mas também de línguas inventadas por J. R. R. Tolkien e pela poetisa irlandesa Roma Ryan, colaboradora de Enya. Lisa canta em inglês e inventou aos 12 anos uma  idioglossia (linguagem idiossincrática falada por uma só pessoa ou por poucas pessoas) que utilizou em canções como  "Now We Are Free", "Come Tenderness", "Serenity", "The Valley of the Moon", "Tempest", "Pilgrimage of Lost Children", "Coming Home" e "Sanvean". Um dos temas mais conhecidos de Lisa Gerrard, graças ao filme “Gladiator” (2000) é “Now We Are Free” – que pode ouvir AQUI, cantado e legendado na linguagem inventada pela artista.

A voz clara e timbrada (meio-soprano) de Enya liga-se agradavelmente com os sons produzidos por sintetizador (raramente são usados instrumentos acústicos) e, nas suas atuações, canta ao vivo sobre música e canções gravadas. Lisa é contralto, extensível a meio-soprano, e a sua voz foi descrita como “profunda, negra, lúgubre e única”. É também uma tocadora exímia de yangqin, um instrumento musical chinês tradicional.

Enya e Lisa colecionaram sucessos desde a estreia, que ocorreu em 1980 e 1981, respetivamente. Em 2007, Lisa lançou um álbum retrospetivo, “The Best of Lisa Gerrard”. Em 2009, foi a vez de Enya apresentar “The Very Best of Enya”.




"Caribbean Blue"


"Listen to the Rain"

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