terça-feira, 6 de março de 2012

Joana Vasconcelos em livro

A monografia de Joana Vasconcelos foi apresentada publicamente no dia 1 de março 2012, no seu atelier em Lisboa, na Doca de Alcântara Norte.

De grandes dimensões e cuidada edição (Livraria Fernando Machado com design gráfico de Ricardo Mealha), o livro aborda exaustivamente a obra da artista plástica portuguesa, com textos da historiadora Raquel Rodrigues da Silva, do filósofo Gilles Lipovetsky, do professor Jean Serroy e uma entrevista de Agustín Pérez Rubio. Está ainda disponível um “livro-obra”, o livro dentro de uma caixa vermelha criada por Joana Vasconcelos, numa edição especial limitada a 200 exemplares.

O lançamento contou com a presença de Gilles Lipovetsky, autor de “A Era do Vazio”, apreciador e estudioso da obra de Joana Vasconcelos, que sublinhou a interessante articulação das referências consumistas internacionais com as tradições portuguesas ancestrais.

Não se trata apenas do recurso a formas e objetos industriais para evocar ou reavivar símbolos ou costumes, nem sempre exclusivamente nacionais e, mesmo estes, uns mais tradicionais que outros, mas o modo como os evoca e reaviva. A ideia de construção, de estrutura fantástica com elementos surpreendentes e materiais improváveis, parece-me ser uma caraterística fundamental, para além da escala, já que Joana Vasconcelos produz obras geralmente de grandes dimensões, dando-lhes grande visibilidade e domínio do espaço – o que permite explorar novas interações com o observador. Essa apropriação crítica da forma e função dos objetos passa por um exercício de análise trocista da realidade, que é comum na arte (em certa medida, será até uma das suas funções sociais) que Joana Vasconcelos sintetiza em obras positivas, de forte encantamento visual. O resto da discussão (se será ou não “kitsch”, etc.) parece-me uma questão menor.

Em 2010, a propósito da sua exposição antológica no Museu Coleção Berardo, “Sem Rede”, já havia sido editado um excelente catálogo sobre a sua obra, completando com 200 páginas de imagens e textos, as 37 peças presentes nessa mostra – que alcançou um número recorde de visitantes.

Joana Vasconcelos tornou-se particularmente conhecida após a sua participação na Bienal Internacional de Veneza em 2005, com a peça intitulada “A Noiva”, um gigantesco lustre construído com vinte mil tampões higiénicos femininos. Entre as suas obras anteriores, contavam-se “Sofá Aspirina” (1997) e “Cama Vallium” (1998), realizados com embalagens blister de comprimidos. Desde então, Joana Vasconcelos foi somando participações em grandes certames internacionais e impôs a sua obra no circuito internacional de arte contemporânea.

Mas o sucesso dos portugueses no estrangeiro, à exceção talvez do desporto, parece incomodar muitos compatriotas, que não se esforçam muito por valorizar esses bons resultados. As notícias têm referido que a artista prepara atualmente uma exposição em Versalhes, França, mas não disseram o principal. Trata-se da exposição anual de arte contemporânea do Palácio de Versalhes, uma mostra realizada desde 2008 e por onde já passaram Jeff Koons, Xavier Veilhan, Bernar Venet e Takashi Murakami. Joana Vasconcelos será a primeira mulher e a mais jovem artista contemporânea a expor em Versalhes.

1 comentário:

altina mar disse...

parabéns Joana
deslumbra-nos sempre.

Um forte e terno abraço
maria altina martins