sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Ricardo Cardoso na Casa da Cultura da Mêda

Performance "Sem Título: ...? - 2", de Ricardo Cardoso - Casa Municipal da Cultura de Mêda, 17 de Outubro, 16.30 horas.

Ironicamente intitulada “Sem Titulo: … ? – 2”, esta performance confronta o observador com a maneira como se sente um jovem artista, formado e licenciado para produzir “obras de arte”, numa sociedade feita de títulos.

“O mundo da arte pode tornar-se formalizado (...)”. “Tal formalidade é uma ameaça à frescura e à exuberância próprias da arte” (George Dickie).

Contudo, deve defender-se que a “obra de arte” não venha a ser um objecto de vaidades de um determinado burguês, que a escolhe e compra atendendo à importância do artista ou para condizer com a decoração da sua sala. “Quem compra um quadro apenas para cobrir uma mancha no papel de parede não vê a pintura como o padrão aprazível de cores e formas” (Jerome Stolnitz).

O jovem artista terá então de procurar sobreviver sem se prostituir intelectualmente, descurando os aspectos criativos para ser um mero técnico de execução das ditas “obras de arte”.

Esta performance é um aprofundamento das ideias defendidas nas performances “Sem título: ... ? – 1” (Posto de Turismo de Seia/IX ARTIS-Festa das Artes e Ideias) e “Asas de Pelicano” (Fábrica Braço de Prata, Lisboa). Na primeira, questionei o lugar do jovem artista no mercado da arte. Na segunda, levantei a questão do que será a obra de arte – o objecto final ou o momento da sua execução? Não pretendo valorizar em demasia o artista em desfavor do objecto artístico, mas sim apresentar e partilhar questões que me incomodam, sobre o significado da obra de arte e do papel do jovem artista no contexto do mercado da arte.

Que este “Manifesto do nada” possa despertar consciências e relançar uma discussão construtiva em torno da problemática dos jovens artistas e da necessária renovação cultural.

Ricardo Cardoso, 25 de Setembro de 2010

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