segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Aqueles que não podem morrer sem dizer tudo

Lançado em Itália no final de Agosto, “Alabardas, alabardas”, o livro que Saramago deixou apenas esboçado, chegará às livrarias portuguesas a 23 de setembro (Porto Editora), podendo ser já reservado via Internet. Até final de setembro o livro será também publicado no Brasil, Espanha (em espanhol e catalão) e América Latina.

Falecido em 2010, José Saramago deixou trinta páginas com elementos para a sua nova obra, abordando a problemática do belicismo e do pacifismo, através da história de um empregado numa fábrica de armamento que subitamente descobre que o seu trabalho alimenta uma complexa máquina de interesses secretos (1).

O livro é ilustrado por Günther Grass, escritor alemão que sucedeu a Saramago nos prémios Nobel da Literartura em 1999 e também conhecido pela sua obra gráfica. Em 2000, Grass expôs em Almancil, no Centro Cultural de São Lourenço, as aguarelas que ilustravam o seu livro mais recente, “O Meu Século”. Em 2006, o Instituto Goethe mostrou em Lisboa uma retrospetiva da obra de Grass, intitulada “Imagens do seu escrever”, composta por desenhos, trabalhos gráficos, aguarelas e esculturas.

Quando Günter Grass revelou ter pertencido às Waffen-SS, a força de elite da Alemanha nazi, na sua juventude, Saramago foi uma das personalidades com prestígio internacional que saiu em defesa do escritor alemão, elogiando o seu sentido de responsabilidade e coragem. E tal como Grass, Saramago não queria morrer sem dizer tudo e assim o exprimiu: “Que quem se cala quanto me calei, não poderá morrer sem dizer tudo.”

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