segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Poortugal exporta mais arte e antiguidades


São João Batista, padroeiro dos antiquários

As exportações de obras de arte e antiguidades aumentaram significativamente no primeiro semestre de 2012. A notícia tem sido veiculada por diversos órgãos de comunicação social e considerada muito positiva, até como exemplo de (um certo) empreendorismo. E na verdade, em tempos de crise económica (provocada por uma crise financeira, será bom não esquecer), esta notícia é positiva para o setor do comércio artístico e de antiguidades, que emprega e dá trabalho a milhares de profissionais das mais diversas áreas em Portugal – cada vez mais Poortugal, como bem observaram os ingleses (Poor=pobre), um trocadilho talvez inspirado no Allgarve (All=tudo) do famoso ministro Manuel Pinho. O problema não está no sucesso comercial, desejável e até saudável para o setor, mas sim na dispersão internacional dos nossos bens culturais, que faria sentido serem adquiridos por particulares e instituições portuguesas, enriquecendo espólios e coleções nacionais. Pelos vistos, estão a cair em mãos estrangeiras unicamente devido à crise. Acresce dizer que se trata principalmente de arte sacra, incluindo pintura religiosa, que devia estar a bom recato nos locais para onde foi encomendada e colocada, muitas vezes com pompa e grande cerimónia, pelos nossos "egrégios avós". Os profissionais do setor argumentam que os estrangeiros, principalmente alemães, angolanos e brasileiros, apreciam cada vez mais os valores histórico-artísticos, adiantando também que o aumento de exportações não é real mas puramente estatístico, pois verifica-se agora um maior controlo burocrático destas exportações. Ou seja, este “boom” comercial tem pouco a ver com uma nova abordagem do mercado internacional por parte dos profissionais do setor e, naturalmente, com uma grande agressividade concorrencial em matéria de preços. Pelo menos oficialmente, ninguém em Poortugal consegue ter planos B desesperados para a crise a não ser o governo. 

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