São João Batista, padroeiro dos antiquários
As exportações de obras de arte e
antiguidades aumentaram significativamente no primeiro semestre de 2012. A
notícia tem sido veiculada por diversos órgãos de comunicação social e
considerada muito positiva, até como exemplo de (um certo) empreendorismo. E na
verdade, em tempos de crise económica (provocada por uma crise financeira, será
bom não esquecer), esta notícia é positiva para o setor do comércio artístico e
de antiguidades, que emprega e dá trabalho a milhares de profissionais das mais
diversas áreas em Portugal – cada vez mais Poortugal, como bem observaram os
ingleses (Poor=pobre), um trocadilho talvez inspirado no Allgarve (All=tudo) do
famoso ministro Manuel Pinho. O problema não está no sucesso comercial,
desejável e até saudável para o setor, mas sim na dispersão internacional dos
nossos bens culturais, que faria sentido serem adquiridos por particulares e
instituições portuguesas, enriquecendo espólios e coleções nacionais. Pelos
vistos, estão a cair em mãos estrangeiras unicamente devido à crise. Acresce dizer que se trata principalmente de arte sacra, incluindo pintura religiosa, que devia estar a bom recato nos locais para onde foi encomendada e colocada, muitas vezes com pompa e grande cerimónia, pelos nossos "egrégios avós". Os
profissionais do setor argumentam que os estrangeiros, principalmente alemães, angolanos
e brasileiros, apreciam cada vez mais os valores histórico-artísticos, adiantando
também que o aumento de exportações não é real mas puramente estatístico, pois
verifica-se agora um maior controlo burocrático destas exportações. Ou seja,
este “boom” comercial tem pouco a ver com uma nova abordagem do mercado
internacional por parte dos profissionais do setor e, naturalmente, com uma
grande agressividade concorrencial em matéria de preços. Pelo menos
oficialmente, ninguém em Poortugal consegue ter planos B desesperados para a crise a não ser
o governo.
Sem comentários:
Enviar um comentário