Artista é natural de Coimbra mas reside em Roterdão
Mais uma vez, o prémio EDP Novos Artistas foi atribuído a um artista nacional com formação no estrangeiro e em início de carreira internacional. No caso, uma artista, Priscila Fernandes. Justamente, acrescente-se, embora o mesmo pudesse dizer-se em relação a muitos dos 407 candidatos iniciais, mas, seguramente, dos restantes 8 finalistas: Ana Manso (Lisboa, 1984); André Trindade (Lisboa, 1981); Carla Filipe (Aveiro, 1973); Catarina Botelho (Lisboa, 1981); Catarina Dias (Londres, 1979); João Serra (Lisboa, 1976); Nuno da Luz (Lisboa, 1984); Vasco Barata (Lisboa, 1974). Ver obras dos finalistas em ARTECAPITAL.
Os nossos maiores artistas internacionais (mas também cinestas, arquitetos, escritores, estilistas) só se tornaram famosos no seu país natal após anos de luta pela consagração no estrangeiro, sobretudo em Paris e Londres, mas também em Tóquio, Hong Kong, Nova Iorque. Basta lembrar alguns dos mais conhecidos artistas da diáspora (Amadeo de Souza-Cardoso, Vieira da Silva, Lourdes Castro e René Bertholo, Manuel Alvess, Paula Rego, João Penalva, ...). Alguns, nasceram no seio de famílias de emigrantes – como o Prémio EDP 2000, Joana Vasconcelos (Paris, 1971) ou o Prémio EDP 2009, Gabriel Abrantes (Chapel Hill, Carolina do Norte, E.U.A., 1984). Trata-se, afinal, de um prémio destinado a promover em Portugal artistas portugueses em começo de carreira no estrangeiro. Fala-se mesmo em “recurso legitimador das carreiras artísticas”, se bem que o valor do prémio (10.500€) tenha destino fixo e acertado: “prosseguimento ou desenvolvimento dos seus estudos” ou “concretização de um projeto artístico específico”. Percebe-se que estes prémios pretendem agitar e promover as artes nacionais fomentando a emigração de jovens artistas, o que até faz sentido considerando as dificuldades que vivemos. A verdade é que nunca tivemos artes relevantes no contexto ibérico e muito menos no europeu, precisamente por causa desta mentalidade fechada, que despromove e desmotiva o que é nacional e elege como bitola ou já exemplo a seguir, digno das mais esmeradas cópias e seguidismos nacionais, “o melhor que se faz lá fora” – seja esse “melhor” o que for, no entendimento de cada um. Parabéns a todos.
Os nove artistas finalistas receberam 2.500€ para concretizarem os projetos que se encontram expostos no Museu da Eletricidade em Belém, Lisboa, até ao dia 18 de setembro. A exposição foi comissariada por Delfim Sardo e Nuno Crespo (comissários independentes) e João Pinharanda (representando a EDP), que selecionaram os artistas. O júri internacional de premiação foi constituído por Alexandre Melo (curador e crítico de arte), José Pedro Croft (artista plástico e vencedor do Prémio EDP de Desenho 2001), Lynne Cooke (subdiretora do Museu Reina Sofia, em Madrid), Moacir dos Anjos (curador da 29ª Bienal de S. Paulo, Brasil) e José Manuel dos Santos (diretor de cultura da Fundação EDP).
O prémio foi atribuído a Priscila Fernandes pelas suas propostas no campo da Instalação, Pintura e Vídeo. A artista nasceu em Coimbra, em 1981, e vive em Roterdão, Holanda. Licenciou-se em Pintura no National College of Art and Design, em Dublin, na República da Irlanda, e fez o mestrado em Belas-Artes no Piet Zwart Institute, Willem de Kooning Academy da Universidade de Roterdão.
André Trindade foi distinguido com uma menção honrosa pela sua obra “Sem a cabeça estar bem cosida, não vale a pena comer a língua”, combinando Escultura, Instalação e Vídeo.
O maior prémio nacional destinado a “distinguir artistas em início de carreira com propostas criativas originais e inovadoras no contexto nacional e internacional”, foi criado em 2000 e é bienal. Nas 8 edições anteriores, foram premiados: Joana Vasconcelos (2000), Leonor Antunes (2001), Vasco Araújo (2002), Carlos Bunga (2003), e João Maria Gusmão / Pedro Paiva (2004), João Leonardo (2005), André Romão (2007) e Gabriel Abrantes (2009).
Notícia dos premiados no Site da EDP.
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