O pintor fictício Pavel Jerdanowitch
O Concurso Internacional de Pintura Pavel Jerdanowich, que se realiza desde 2006, pretende encontrar a pior pintura produzida em cada ano. Em 2010, a obra “Modelo Sentado” , do russo Sergey Bugrovsky, foi considerada a pior. “Eu Sou Artista”, do britânico Luke Wilson, foi a segunda pintura mais votada.
O pintor russo Pavel Jerdanowich foi inventado em 1924 pelo jornalista e escritor americano Paul Jordan-Smith (Los Angeles, EUA, 1885 – 1971) para embaraçar os críticos de arte moderna do seu tempo. Segundo ele, o crítico de arte e literatura modernas receava destoar das tendências vanguardistas da sua geração e por isso evitava dar opiniões honestas sobre méritos artísticos, especialmente quando esses méritos não eram evidentes.
“Exaltação” foi exposto em Nova Iorque em 1925, onde foi descoberto pelo crítico de arte francês Comte Chabrier. Já em Paris, Chabrier escreveu a Jerdanowitch pedindo-lhe alguns dados biográficos e uma foto. Smith fez-se fotografar com ar tresloucado e enviou essa foto a Chabrier, juntamente com uma biografia inventada. A notícia da fundação de um novo movimento artístico, criado na Califórnia por um artista de origem russa, não tardou a ser publicada na revista francesa de arte “Revue du Vrai et du Beau” (Nº 67, Paris, 10 de Setembro de 1925). Apresentando o artista, Chabrier, o autor do artigo, escreveu arrebatadamente que “Pavel Jerdanowich não se contenta em seguir os caminhos ordinários da arte. Ele prefere descobrir, nesse domínio, as regiões escarpadas, mesmo junto ao abismo.” Nascia mais um mito da arte moderna?
Em 1926 e 1927, Jerdaniwitch pintou mais algumas obras, com destaque para “Aspiração” e “Adoração”, que estiveram expostas em Chicago e Buffalo e foram reproduzidas na “La Revue Moderne” (Paris, Junho de 1927), assim como na obra de divulgação “L'Art Contemporain - Livre d'Or” (Éditions de La Revue du Vrai et du Beau, Paris, 1927).
A 14 de Agosto de 1927, Paul Jordan-Smith fartou-se da brincadeira e contou a história ao jornal “Los Angeles Times”, colocando um ponto final na fugaz carreira artística de Jerdanowitch. A revelação escandalizou os meios artísticos, pelo embuste mas sobretudo devido a afirmações do género: “Tive mais publicidade com esta pequena brincadeira, que me ocupou apenas uma hora por ano durante três anos, do que com muitas décadas de trabalho sério.”
A “má” pintura de Pavel Jerdanowitch inspirou um prémio para a pior pintura apresentada anualmente a concurso. Apesar de se tratar de uma piada artística, não é fácil vencer esta competição. Mesmo colocando de lado as preocupações artísticas e técnicas, há que dar tratos à imaginação para reduzir a pintura à sua pior expressão e, sobretudo, produzir uma obra que desagrade ao “júri”, constituído pelos milhares de visitantes do site do concurso.
O prazo do concurso de 2011 termina no dia 01 de Abril (inscrição online – imagens em formato jpeg ou gif, máximo de 200KB) e os resultados serão conhecidos a 01 de Setembro.
O Concurso Internacional de Pintura Pavel Jerdanowich, que se realiza desde 2006, pretende encontrar a pior pintura produzida em cada ano. Em 2010, a obra “Modelo Sentado” , do russo Sergey Bugrovsky, foi considerada a pior. “Eu Sou Artista”, do britânico Luke Wilson, foi a segunda pintura mais votada.
O pintor russo Pavel Jerdanowich foi inventado em 1924 pelo jornalista e escritor americano Paul Jordan-Smith (Los Angeles, EUA, 1885 – 1971) para embaraçar os críticos de arte moderna do seu tempo. Segundo ele, o crítico de arte e literatura modernas receava destoar das tendências vanguardistas da sua geração e por isso evitava dar opiniões honestas sobre méritos artísticos, especialmente quando esses méritos não eram evidentes.
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Paul Jordan-Smith era filho de um sacerdote Metodista. Seguindo os passos do pai, fez estudos religiosos e tornou-se pastor em 1908, cargo do qual se demitiu em 1910, após ter sido acusado de heresia. Para ganhar a vida, deu aulas de latim e dedicou-se à escrita. Foi casado com a escritora Sarah Bixby Smith (California, EUA, 1871-1935).
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Em 1924, Jordan-Smith pintou um quadro intitulado “Exaltação”, representando uma mulher selvagem empunhando uma casca de banana, com a intenção de concorrer a exposições de arte com uma identidade fictícia. Para conferir exotismo à sua personagem, escolheu um nome russo aparentado ao´seu nome verdadeiro, Pavel Jerdanowitch, que imaginou ter nascido em Moscovo e emigrado com os pais para os EUA. Quando estudava arte em Chicago, Jerdanowitch contraiu tuberculose, doença da qual se curou com uma longa estadia nas ilhas do mar do sul - onde terá encontrado inspiração para pintar. Esta biografia fictícia evoca o protagonismo dos artistas russos nas vanguardas artísticas da época (Larionov, que chegou a trabalhar nos Ballets Russes, Kandinsky, um dos fundadores da Bauhaus, ou Malevitch, o fundador do Suprematismo), assim como aspectos da vida de Gauguin e ecos de Van Gogh. Jordan-Smith foi ainda mais longe e imaginou a sua obra como paradigma de um novo movimento artístico, que baptizou como “Disumbrationism” - destacando a particularidade de não pintar sombras nos quadros.
“Exaltação” foi exposto em Nova Iorque em 1925, onde foi descoberto pelo crítico de arte francês Comte Chabrier. Já em Paris, Chabrier escreveu a Jerdanowitch pedindo-lhe alguns dados biográficos e uma foto. Smith fez-se fotografar com ar tresloucado e enviou essa foto a Chabrier, juntamente com uma biografia inventada. A notícia da fundação de um novo movimento artístico, criado na Califórnia por um artista de origem russa, não tardou a ser publicada na revista francesa de arte “Revue du Vrai et du Beau” (Nº 67, Paris, 10 de Setembro de 1925). Apresentando o artista, Chabrier, o autor do artigo, escreveu arrebatadamente que “Pavel Jerdanowich não se contenta em seguir os caminhos ordinários da arte. Ele prefere descobrir, nesse domínio, as regiões escarpadas, mesmo junto ao abismo.” Nascia mais um mito da arte moderna?
Em 1926 e 1927, Jerdaniwitch pintou mais algumas obras, com destaque para “Aspiração” e “Adoração”, que estiveram expostas em Chicago e Buffalo e foram reproduzidas na “La Revue Moderne” (Paris, Junho de 1927), assim como na obra de divulgação “L'Art Contemporain - Livre d'Or” (Éditions de La Revue du Vrai et du Beau, Paris, 1927).
A 14 de Agosto de 1927, Paul Jordan-Smith fartou-se da brincadeira e contou a história ao jornal “Los Angeles Times”, colocando um ponto final na fugaz carreira artística de Jerdanowitch. A revelação escandalizou os meios artísticos, pelo embuste mas sobretudo devido a afirmações do género: “Tive mais publicidade com esta pequena brincadeira, que me ocupou apenas uma hora por ano durante três anos, do que com muitas décadas de trabalho sério.”
A “má” pintura de Pavel Jerdanowitch inspirou um prémio para a pior pintura apresentada anualmente a concurso. Apesar de se tratar de uma piada artística, não é fácil vencer esta competição. Mesmo colocando de lado as preocupações artísticas e técnicas, há que dar tratos à imaginação para reduzir a pintura à sua pior expressão e, sobretudo, produzir uma obra que desagrade ao “júri”, constituído pelos milhares de visitantes do site do concurso.
O prazo do concurso de 2011 termina no dia 01 de Abril (inscrição online – imagens em formato jpeg ou gif, máximo de 200KB) e os resultados serão conhecidos a 01 de Setembro.
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Fontes
Ensaio de Mikhail Simkin e obras de P. Jerdanowitch ("Os Sete Pecados Mortais")
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