Dante Gabriel Rossetti, “A Amada (A Noiva)”, 1865-66,
oleo s/tela, Tate Gallery, Londres
Até 13 de janeiro de 2013, a Tate Britain
mostra em Londres um conjunto significativo de obras produzidas no seio da
Irmandade Pré-Rafaelita, o primeiro movimento artístico da grã-Bretanha, a “vanguarda”
vitoriana.
Fundada pelo poeta e pintor Dante Gabriel
Rossetti (1828-1882), William Holman Hunt (1827-1910) e John Everett Millais (1829-1896),
a Irmandade rebelou-se contra o academicismo da arte oficial da época vitoriana
em meados do século XIX, que seguia os princípios representativos do
Renascimento e procurava inspiração em Rafael. O movimento defendia o regresso ao naturalismo e pureza da arte anterior à revolução renascentista representada
por Rafael (o Gótico final e o transição para o Renascimento), abrindo novos
caminhos à arte e ao design. A época era propícia a mudanças, a Revolução Industrial transformara a sociedade, provocando rápidas transformações políticas, agitação religiosa e social, mas a obsessão tecnológica e os ideais da mecanização exigiam um regresso à natureza e à espiritualidade. Os Pré-Rafaelitas abriram caminho ao Simbolismo e à Arte Nova.
As iniciais PRB (Pré-Raphaelite Broterhood)
aparecem pela primeira vez em 1848/49, numa obra de Dante Gabriel Rossetti (“A
Infância da Virgem Maria”), exemplo logo seguido pelos seus companheiros. Inicialmente,
foram mal recebidos pela crítica e pelo público burguês, de gostos ortodoxos,
mas contaram com o apoio do crítico inglês mais influente da época, John
Ruskin, que criticava o artificialismo geométrico do renascimento e advogava a
revalorização dos ideais do final da Idade Média (1). Um dos mais fortes
adversários dos Pré-Rafaelitas foi Charles Dickens, cujas críticas Ruskin
combateu, contribuindo decisivamente para o sucesso do movimento.
Para além de contar com destacados
artistas e críticos - como Edward Burne-Jones (1833-1898), Ford Madox Brown (), Frederic Leighton
(1830-1896), James Collinson (1825-1881), o escultor Thomas Woolner
(1825-1892), George Frederick Watts (1817-1904), John Roddam Spencer-Stanhope
(1829-1908), os críticos de arte Frédéric George Stephens (1828-1907) e o
irmão de Dante Gabriel, William Michael Rossetti (1829-1919) – a Irmandade
também contava com uma interessante
figura do século XIX inglês, o poeta, ilustrador e decorador William Morris
(1834-1896), um dos fundadores do movimento Arts & Crafts, inspirado por
Ruskin, e do socialismo na Inglaterra - que defendia uma sociedade igualitária
e o acesso de todos à cultura e aos bens culturais – uma utopia que William
Morris expôs na obra “Notícias de Lugar Nenhum" (1890).
A exposição da Tate junta mais de 180 obras
diversas, incluindo pintura, escultura, fotografia e artes aplicadas,
distribuídas por sete salas: 1-Origenas e Manifesto; 2-História; 3-Natureza;
4-Salvação; 5-Beleza; 6-Paraíso; 7-Mitologias. Algumas das obras expostas raramente
são vistas em exposições públicas, como “Work” (1852-65) de Ford Madox Brown (3),
ou o armário desenhado por Philip Webb e pintado por Edward Burne-Jones em
1858.
Ford Madox Brown, “Work”, 1852-65, oleo s/tela, Manchester
City Art Galleries. Os Pré-Rafaelistas combinavam nas suas obras
“rebelião e revivalismo, precisão científica e grandeza imaginativa”.
(1)-Na sua obra de referência, The Stones of
Venice (1851). No mesmo ano, escreveu “Pré-Rafaelitas”, celebrando os ideais do
movimento e a Irmandade.
(2)-Em
setembro de 2011, a Manchester Art Gallery abriu ao público a maior exposição
de obras de Ford Madox Brown desde 1964. A exposição foi depois (fevereiro a
junho 2012) apresentada em Ghent, no Museum of Fine Arts.
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