“Fora de Escala: Desenhos e Esculturas (1960-1970)” no Centro Cultural de Lagos
Graças à colaboração da Fundação EDP com o Centro Cultural de Lagos e ao seu envolvimento no Allgarve’11, a exposição Fora de Escala: desenhos e esculturas de Manuel Baptista (1960-1970) realizada no Museu da Eletricidade entre 26 de fevereiro e 15 de maio de 2011, pode ser vista em Lagos até 8 de outubro.
A exposição reune desenhos e projetos menos conhecidos do artista algarvio, realizados desde meados dos anos 60 a meados dos anos 70. Alguns desses projetos só recentemente foram concretizados em esculturas, para a exposição homónima no Museu da Eletricidade, o que amplia o interesse da exposição em Lagos. O crítico e curador da exposição/Fundação EDP, João Pinharanda, fala mesmo em “rara oportunidade histórica”, a propósito da exposição de Lisboa, classificando justamente a exposição como “uma das mais significativas exposições nacionais deste ano” (1)

Artista abstrato geometrizante, a sua obra é marcada pelos grandes espaços iluminados e cores do Algarve, em formas justapostas que lembram a “confluência da luz e da sombra” (Rocha de Sousa, “Manuel Baptista – relato duma pesquisa coerente”, Colóquio-Artes, junho de 1974), relevos e “formas recortadas que dá origem a um subtil claro-escuro e que permite sucessivas leituras das superfícies” (Fernando Azevedo, catálogo da exposição “Pintura Portuguesa de Hoje, Abstratos e Neo-Figurativos”, Lisboa, Salamanca, Barcelona, 1973). Uma obra que se alarga à tapeçaria e à gravura.
Realizou a sua primeira exposição individual em 1957, no Círculo Cultural do Algarve, Faro. Apresentou a sua primeira exposição retrospetiva de desenho e pintura (1956-1988) em Loulé, no Convento do Espírito Santo. Até 2011, realizou mais de trinta exposições individuais e participou em largas dezenas de exposições coletivas.
Nos anos 60, passou a registar o seu pensamento estético em cadernos diversos, ideias expressas pelo desenho, com uma sequência lógica e datada. Alguns desses registos e cadernos (1961-1993) integram a exposição, relacionados com as esculturas finalmente realizadas em 2011: “Porta-arbustos” (1968-70/2011); “Arbusto 1” (sem data/2011); “Duplo Arbusto” (1968-70/2011); “Envelope 1” (1968-70/2011); “Arbusto 2” (1968-70/2011); “Camisa e Gravata” (1973/2011 - Alumínio); “Camisa e Gravata” (1973/2011 – Néon e alumínio); “Objeto Suspenso (Metal)” (1968-70/2011); “Novelo” (1968-70/2011); “Mesa Posta (sem data/2011); “Objeto Suspenso” (1968-70/2011 – réguas de madeira); “Duplo Objeto” (sem data/2011); “Casulo” (1968-70/2011); Arbusto Paisagem (sem data/2011); “Ball of Thread” (1968-70/2011); “Corbeille” (1973/2011). A exposição permite, assim, redescobrir uma faceta pouco conhecida do artista e contribuir para a reescrita da história da escultura portuguesa da década anterior a 1974. Nessa década, vários artistas não conseguiram concretizar os seus projetos e, segundo João Pinharanda (3), “a História da Arte em Portugal teria sido diferente" se as tivessem concretizado.
Em 1990, realizou uma exposição retrospetiva de pintura (1963-1990) na SNBA. Em 1996, teve lugar da Casa da Cerca – Centro de Arte Contemporânea , em Almada, a primeira exposição antológica. A exposição “Fora de Escala” no Museu da Eletricidade (2011) representou, para o artista, “a concretização de um sonho”(3).
Em 1990, realizou uma exposição retrospetiva de pintura (1963-1990) na SNBA. Em 1996, teve lugar da Casa da Cerca – Centro de Arte Contemporânea , em Almada, a primeira exposição antológica. A exposição “Fora de Escala” no Museu da Eletricidade (2011) representou, para o artista, “a concretização de um sonho”(3).
Foi distinguido com vários prémios, entre os quais: 1º Prémio de Pintura no I Salão de Vila Franca de Xira (1960); 1º Prémio de Pintura na Exposição Guérin (1968); Prémio Soquil (1970); 2º Prémio ARÚS (1982); Grande Prémio de Pintura da IV Bienal de Vila Nova de Cerveira (1984); Prémio de Aquisição na II Mostra de Lagos (1984).
A exposição oferece ainda dois videos, o primeiro dos quais sobre a reunião com o artista para escolher os projetos, materiais e cores. O segundo, apresenta imagens da montagem da exposição no Museu da Eletricidade, em fevereiro de 2011.
(1)- Textos de apresentação da exposição no Museu da Eletricidade, CCL e Allgarve’11.
(2)-Maria João Avillez, “Os Pintores do Levante”, Público Magazine, 24 de julho 1994.
(3)- Em declarações à Lusa por ocasião da exposição no Museu da Eletricidade.
(2)-Maria João Avillez, “Os Pintores do Levante”, Público Magazine, 24 de julho 1994.
(3)- Em declarações à Lusa por ocasião da exposição no Museu da Eletricidade.

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