Faleceu Álvaro Rêgo Cabral, natural de Paranhos da Beira, pesquisador e construtor de Mundos, escritor de Memórias, romancista e ensaísta
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Álvaro Rêgo Cabral, que assinava A. Rêgo Cabral e escreveu sob o pseudónimo de Estorieira Santos, nasceu em 1915 em Paranhos da Beira, Seia, onde os seus pais eram professores, e faleceu em Lisboa a 02 de Outubro de 2010.
Frequentou o Liceu José Falcão em Coimbra e o Alexandre Herculano no Porto, cidade onde se formou em Engenharia Civil.
Enquanto assessor do Prof. Correia de Araújo, foi chamado a dirigir a construção da base de S. Jacinto, em Aveiro. Realizou trabalhos de engenharia um pouco por todo o mundo lusófono, de Brasil a Macau, até se fixar em Angola, onde dirigiu ou colaborou em grandes obras de engenharia.
No início dos anos 60, regressou a Lisboa e foi nomeado Director de Transportes Terrestres do Ultramar. Logo depois, o Prof. Adriano Moreira convenceu-o a regressar a Angola para orientar a ampliação da rede rodoviária da então província ultramarina.
O início da sua actividade literária remonta a 1968, com “Lenda de São Miguel e outras prosas”. Até aí, publicara alguns estudos técnicos e etnográficos. Até 1975, publicou 3 romances, um livro de memórias e um ensaio político. Em 1974, foi distinguido com o Prémio Fernão Mendes Pinto - 45º Concurso de Literatura Ultramarina.
A publicação do primeiro volume da trilogia “N’gi / Nós / Gente”, em 1994, marca o início da sua segunda fase literária, mais estruturada e desenvolta, assinando com o pseudónimo Estorieira Santos.
Em 2005, publicou o ensaio “De religiões : na pista do livro terceiro de António Damásio” (Fundação Lusíada).
Autor de uma crónica quinzenal do Jornal de Santa Marinha “Nótulas meio-heréticas”.
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Sobre ele, a pretexto do livro "Tundavala", escreveu Guedes de Amorim:
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"Rêgo Cabral parte da realidade para a ficção, diga-se: da vida, como experiência, através de histórias imaginadas, atinge ou representa ou mostra vida que poderia ter acontecido. Há um forte sabor a verdade nas páginas que lhe saem das mãos. Há também isto que ainda hoje se chama dignidade literária: Escreve bem, escreve correctamente, escreve mesmo brilhantemente."
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E Pinharanda Gomes:
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"Poeta, o autor? Porque não? Mas prosador de se lhe tirar o chapéu, isso é!"