João Vieira não era um pintor mediático, sendo conhecido sobretudo por ser um dos fundadores do grupo KWY (1) e pela sua característica pintura de letras (alfabetos) e números, desde 1959. Trabalhou ainda versos de poetas como Cesário Verde e Herberto Helder. Segundo ele próprio explicou em 2006, “queria fazer poemas com pintura”.
Para além dos alfabetos, abordou o tema do corpo em “Mamografias” (1981/82). Os seus trabalhos com espuma de poliuretano remonta ao início dos anos 70, tendo trabalhado como designer na FLEXIPOL (fábrica de espumas) em 1974 e 1975.
A sua irreverência, abertura ao novo e espírito criativo multidisciplinar, tiveram continuidade no seu filho, Manuel João Vieira, também ele artista plástico (sob pseudónimos diversos), vocalista dos Ena Pá 2000 e Irmãos Catita, para além de candidato à Presidência da República em 2001.
João Vieira era natural de Vidago, onde nasceu a 04 de Outubro de 1934. Frequentou a Escola Superior de Belas Artes de Lisboa.
Em 1956, participou pela primeira vez numa exposição colectiva, integrado no grupo do café Gelo. Realizou a primeira exposição individual em 1959, na Galeria do Diário de Notícias, em Lisboa. Ver exposições e obras.
Nesse mesmo ano, vai para Paris como bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian. Na capital francesa, onde ficou até 1961, foi aluno de Henri Goetz e trabalhou com Arpad Szenes.
Regressou a Lisboa em 1962, para leccionar Pintura na Escola de Artes Decorativas António Arroio (1962-64). Em 1965, parte para Londres, tendo leccionado durante um ano no Maidstone College of Art, em Londres.
Regressado definitivamente a Lisboa em 1967, dedicou-se à cenografia de teatro, pintando e expondo regularmente. Recebeu vários prémios de cenografia (1968 – Prémio do Círculo do Teatro Latino de Barcelona, 1971 – Prémio Nacional de Encenação).
Leccionou no IADE (1971), no Conservatório Nacional (cenografia, 1978-79) e na SNBA (1980).
Em 1985, a Fundação Calouste Gulbenkian evocou os seus “25 Anos de Trabalho (1959-1984) com uma importante exposição. Em Abril de 2001, o Centro Cultural de Belém recordou o pioneirismo do grupo KWY.
(1) - Em 1959, em Paris, juntamente com René Bertholo, Lourdes Castro, José Escada, Gonçalo Duarte, Christo e Jan Voss.
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