segunda-feira, 18 de julho de 2011

16ª BIENAL DE CERVEIRA

Inês Osório distinguida com o Prémio Bienal de Cerveira
Presidente da República na homenagem a José Rodrigues
Artista de Oliveira do Hospital presente na Bienal

O escultor José Rodrigues foi homenageado na abertura da bienal

O Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, inaugurou este ano a mais antiga bienal de artes portuguesa, que se realiza desde 1978. Na ocasião solene, recebeu das mãos do Presidente da Câmara de Vila Nova de Cerveira, José Manuel Vaz Carpinteira, a chave de ouro do município. A criação da Bienal deve-se principalmente a Jaime Isidoro (1924-2009) mas um dos artistas mais ligados às suas origens e consolidação é o escultor José Rodrigues, homenageado na cerimónia de abertura e através de uma exposição no Convento de San Payo. José Rodrigues, que fará 75 anos em outubro, recebeu o maior troféu da Bienal, o Cervo de ouro, das mãos do Presidente da República. A exposição de homenagem no Convento de San Payo permite conhecer uma faceta menos divulgada do escultor, a de cenógrafo. Recordo-me bem da sua colaboração com o Teatro Experimental do Porto nos anos 80, quando vários escultores portuenses decidiram experimentar a cenografia e conceberam diversos cenários e objetos cénicos para o TEP e Seiva Trupe.

O júri da 16ª Bienal de Cerveira deliberou atribuir o Prémio Bienal de Cerveira (10 000 euros) a Inês Osório. O júri foi composto por Ana Luísa Barão (crítica de arte), Augusto Canedo (diretor da Bienal), Silvestre Pestana (artista plástico), Xurxo Oro Claro (artista plástico) e Carlos Casteleira (curador), a substituir Fátima Lambert, que não pôde comparecer. Na apresentação da Bienal, Augusto Canedo referiu a prioridade do júri de selecionar e distinguir jovens artistas.

A artista portuense Inês Osório foi distinguida pela sua instalação com tiras de borracha preta e anilhas metálicas patente no castelo de Cerveira

Inês Osório nasceu no Porto em 1984. Licenciatura em Artes Plásticas – Escultura (2008) e Mestrado em Escultura (2009) pela Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto – com a Tese “Do Espaço à Escultura: Transferências de um Corpo” – a base teórica da instalação patente no castelo de Cerveira, a obra vencedora do Grande Prémio da 16ª Bienal.
A artista desenvolve diversas correspondências e interações artísticas sobretudo nas áreas da escultura e instalação – um processo dinâmico que extrai contributos da sua formação multifacetada (Ballet Clássico e Dança Contemporânea, Design de Produto-especialização em cerâmica, fotografia, escultura, artes digitais, desenho técnico assistido por computador e, recentemente, teatro). Leciona em Matosinhos e dinamiza, no Porto, o Espaço João Pedro Rodrigues – Oficina de Artes. Mostra publicamente o seu trabalho desde 2006, através de intervenções/instalações em espaços públicos e galerias, individualmente ou integrada em projetos coletivos.


Nuno Nunes Ferreira – “Camouflage”, técnica mista s/tela, 250X180 cm – Prémio IPJ

Nuno Nunes Ferreira nasceu em Lisboa em 1976. Licenciado em Arquitetura pela Universidade Lusíada de Lisboa. Participou em diversas exposições coletivas na Alemanha e sobretudo em Espanha, com presença nas feiras de arte internacionais Arte Lisboa, Arco, Arte Santander e Valência Art. A obra premiada na Bienal de Cerveira, da série “Camouflage”, representa o trabalho plástico do jovem artista, que recorre de modo obsessivo a imagens de árvores e florestas para explorar “a temática da memória retratando o horror com uma estética de belo, invertendo o que é do senso comum”.

Na sua 16ª edição, a Bienal oferece um conjunto diversificado de iniciativas (ver programa completo), centradas nas exposições de arte. As obras do concurso internacional e artistas convidados (cerca de centena e meia de obras de pintura, escultura, cerâmica, instalação, fotografia, video, desenho) distribuem-se pelo Forum Cultural e Castelo de Cerveira. No Forum Cultural e na vizinha Casa Vermelha, podem ser visitados vários projetos curatoriais. Num deles, intitulado “Ecúmeno”, participa um artista de Oliveira do Hospital, Rui Monteiro, ao lado dos artistas franceses Erick Samakh e Victoria Klotz, dos brasileiros Rodrigo Braga e Paulo Meira e da portuguesa Laetitia Morais.

O interessante projeto de Rui Monteiro apresentado na Bienal de Cerveira

Rui Monteiro reside em Oliveira do Hospital. Licenciado em Design pelas Belas Artes do Porto, chegou a trabalhar como designer gráfico mas dedica-se atualmente à investigação das novas tecnologias nas áreas da Música Eletroacústica e Digital, Visão por Computador e Programação. Um aspeto fundamental da sua obra é a interação entre Arte, Ciência e Tecnologia, traduzida em Performances Sonoras, Instalações Interativas e Composições Audiovisuais. Na Bienal de Cerveira, apresenta uma curiosa correspondência entre a interpretação matemática da paisagem natural e a representação tridimensional desses dados. No site de Rui Monteiro, podemos conhecer outros projetos curiosos, entre os quais “Spectrum portrait “ (2005) e “2handmotion” (2010).
As suas obras já foram apresentadas no Porto 2001, XI Bienal de Cerveira, na Futurartes (Caldas da Rainha) e Agirarte (Oliveira do Hospital), entre outros acontecimentos e festivais em Portugal, França e EUA.

Organizada pela primeira vez pela Fundação Bienal de Cerveira (reconhecida pelo Governo em janeiro 2010), sob o tema “Redes 2011”, a Bienal alarga-se este ano a Vigo e ao Porto - uma aposta iniciada em 2007 através da realização de atividades paralelas nos concelhos vizinhos e nos municípios galegos de Porriño, Tuy e Goyan. Na sua intervenção, Cavaco Silva referiu o contributo das Artes para o desenvolvimento de Vila Nova de Cerveira, justamente designada “Vila das Artes”, e para a projeção internacional de Portugal. Dessa intervenção, que pode ser lida na íntegra no
site da Presidência da República, gostaria de destacar alguns parágrafos que podem servir de exemplo ou de motivação para outros municípios.

“Já havia, é verdade, muito antes da Bienal, boas razões para visitar Vila Nova de Cerveira, desde o castelo à paisagem, passando pelas igrejas e solares de frontaria apalaçada.
O património natural e histórico, um pouco à semelhança do que acontece em outros lugares do nosso País, reveste-se aqui de uma exuberância e riqueza que impressionam o visitante.
Não basta, porém, termos herdado um património do qual podemos legitimamente orgulhar-nos. É preciso também saber geri-lo, dinamizá-lo, de forma a que as populações possam usufruir dele, quer do ponto de vista cultural e estético, quer do ponto de vista do desenvolvimento e da qualidade de vida. E, desse ponto de vista, a Bienal veio acrescentar uma dimensão completamente nova às potencialidades já existentes em Vila Nova de Cerveira.
A princípio, foi apenas um acontecimento efémero, aparentemente insólito, que surgia só de longe em longe. Com o correr do tempo, a música e outras artes associaram-se à pintura; o número de artistas e de visitantes foi aumentando; surgiram galerias e, muito em breve, será inaugurado um museu com obras apresentadas na Bienal. Damo-nos, pois, conta de que Vila Nova de Cerveira, além do local aprazível que sempre foi, é também um pólo internacional de arte contemporânea e um destino turístico para quem quiser conhecer os movimentos e tendências da arte nas últimas três décadas.
A importância que a Bienal adquiriu é bem visível no facto de ela se desenvolver, este ano, simultaneamente, aqui em Cerveira, no Porto e em Vigo. Mas o seu alcance vai muito para lá dessa dimensão local e regional. Ao projetar-se como iniciativa sem fronteiras, onde concorrem artistas de todo o Mundo, é também a imagem de Portugal que Cerveira projeta: a imagem de um País com um profundo enraizamento histórico e uma forte identidade, mas um País, também, onde a contemporaneidade tem lugar cativo.”

A 16ª Bienal Internacional de Cerveira decorre até 17 de Setembro 2011.


IMAGENS DA ABERTURA DA BIENAL (FORUM CULTURAL)



A Bienal de Cerveira à espera de Cavaco Silva.


O Presidente da República assina o livro de honra


O Presidente da Câmara Municipal de Cerveira, José Manuel Vaz Carpinteira, entrega ao Presidente da República a chave de ouro do município


O diretor da Bienal, Augusto Canedo


"Ó Kartistas" (Andrea Inocencio e Ana Maria)



Muito público


Vista parcial da exposição


A inauguração incluía uma prova de sabores locais.

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