Luiz Morgadinho
Foi hoje inaugurada a exposição de Pintura de Luiz
Morgadinho, no espaço que o Museu Municipal de Arte Moderna Abel Manta reserva
às exposições temporárias. Sem maiores formalidades, a ocasião reuniu um vasto
grupo de amigos do artista, muitos deles também artistas, algum público local e
contou com a presença do Presidente da Câmara, Luís Tadeu Marques, e esposa, do
Presidente da Junta de Freguesia de Gouveia, João Amaro, e da Diretora do Museu
Abel Manta.
A exposição reúne obras de pintura a acrílico sobre tela e técnica
mista (pintura e colagem) produzidas desde 2011. As obras mais recentes, de
2014, demonstram o elevado grau de exigência técnica do artista, como na tela
“Núpcias” (um forte comentário visual aos costumes populares), com a novidade
das colagens – recortes de fotos combinadas com a pintura, uma ligação que
resulta em formas bem trabalhadas, sendo necessária uma observação atenta para
perceber onde acaba a fotografia e começa a pintura, e vice-versa. Destaca-se
ainda a série “Tudo vê”, um conjunto de acrílicos s/tela de pequeno formato
explorando o conceito de “big brother” (difundido por George Orwell no último
romance que escreveu, “1984”, em 1949) com amplas conotações, sociais,
políticas e religiosas que remetem para este nosso tempo de liberdades
aparentes, irreverências controladas, felicidade pré-fabricada.
Como se sabe, não existe apenas um surrealismo, cada artista
propõe e explora a sua ideia de surrealismo. A ideia surrealista, mais que um
conceito, é um sinónimo de liberdade. O surrealismo moderno de Luiz Morgadinho
combina o realismo (e mesmo o hiper-realismo) com grafismos populares e
caricaturas, muitas vezes em ambientes oníricos ou exóticos, combinando a pintura
clássica com o cartoon para elaborar mensagens de caráter social e político,
inspiradas e inspiradoras.
De resto, mantenho o que escrevi em 2009 sobre a pintura de
Morgadinho, um texto reproduzido parcialmente na promoção que a Câmara Municipal
de Gouveia faz à exposição na sua página oficial:
“Luiz Morgadinho, na sua obra criativa,
utiliza técnicas de pintura convencionais para nos mostrar mais caminhos de
comunicação, alargar as janelas e corredores do gosto artístico tradicional, ao
mesmo tempo que desafia o acomodado entendimento da realidade. Servindo-se de
um dos métodos preferidos dos surrealistas, o ilusionismo fotográfico, e guiado
pelo princípio da imaginação como motor da criação, constrói malabarismos
filosóficos para desmascarar as incongruências do nosso tempo.”
Vista parcial da exposição.
Vista parcial da esxposição.
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