Christopher Wool, “Blue Fool” - 5 milhões de dólares
A obra de Arte original, única, insubstituível, não tem
preço. Seja antiga ou moderna, académica ou vanguardista, realista ou
abstracta. Infelizmente, aceita-se (quando não se incentiva) que a sua
importância artística e cultural, muitas vezes relativa e subjetiva, seja
associada a um valor, um preço, sensível às leis do mercado, que visam quase
sempre a especulação e o negócio lucrativo.
Para moldar valores e fixar preços que chegam a ser
incompreensíveis, os agentes económicos estabelecem critérios de valorização e
apreciação/avaliação, aceites por pequenos grupos de investidores
multimilionários que disputam a posse dessas obras, quase sempre avançando elevadas
quantias, autênticas fortunas. Os valores mobilizados pelos negócios da arte,
que nada têm a ver com o âmbito puramente artístico, atingem quantias que estarrecem
o cidadão comum e alimentam o universo das galerias e das leiloeiras.
Os valores não param de subir a cada troca de
proprietário. Na verdade, quanto mais se anuncia o novo valor de uma obra, mais
o mercado é tentado a estabelecer novos recordes. No entanto, não devemos
encarar todos estes negócios milionários
pelo mesmo ângulo nem medi-los pela mesma bitola. Como em tudo na vida, há
exceções. No mesmo patamar, coexistem realidades bem diferentes.
Devemos no entanto intrigar-nos e refletir acerca dos valores atingidos por determinadas obras (1). Essa reflexão torna-se muito útil pois destaca a natureza e função da obra artística na sociedade actual. Que pedimos nós à arte no nosso tempo? Que arte é a do nosso tempo? Não será esta sobrevalorização do objecto artístico um sinal de revivalismo, uma tentativa de regresso desesperado à(s) virtude(s) perdida(s), numa época em que a arte concetual contesta o sentido tradicional de obra de arte e as vanguardas artísticas procuram afirmar-se como reserva moral e ética em plena crise de valores – afinal a autêntica raiz da crise financeira em que o ocidente mergulhou e o mais claro sinal de irreversível declínio.
Devemos no entanto intrigar-nos e refletir acerca dos valores atingidos por determinadas obras (1). Essa reflexão torna-se muito útil pois destaca a natureza e função da obra artística na sociedade actual. Que pedimos nós à arte no nosso tempo? Que arte é a do nosso tempo? Não será esta sobrevalorização do objecto artístico um sinal de revivalismo, uma tentativa de regresso desesperado à(s) virtude(s) perdida(s), numa época em que a arte concetual contesta o sentido tradicional de obra de arte e as vanguardas artísticas procuram afirmar-se como reserva moral e ética em plena crise de valores – afinal a autêntica raiz da crise financeira em que o ocidente mergulhou e o mais claro sinal de irreversível declínio.
(1)-Veja-se, por exemplo, a peça de Yasmina Reza, "Arte", protagonizada em Portugal por António Feio, José Pedro Gomes e Miguel Guilherme.
Gerhard Richter, “Blood red mirror” - 1,1 milhões de
dólares
Ellsworth Kelly, “Green White” - 1,6 milhões de dólares
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